Brasil

Mulheres são a maioria no empreendedorismo no Brasil

Entretanto, é preciso ampliar ferramentas que estimulem a competitividade e o retorno financeiro delas, defende o Ministério das Mulheres

Roberta Aline

Mulheres são a maioria no empreendedorismo no Brasil

Eutalia Barbosa, ministra das Mulheres em exercício, durante 7º Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo

Desde o início do governo Lula, o tema do empreendedorismo tem sido tratado com atenção. Não à toa, foi criado o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. E são as mulheres o maior público neste segmento. 

A informação foi confirmada pela ministra das Mulheres em exercício, Eutalia Barbosa, durante participação no 7º Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, realizado nesta semana (4/6), em Brasília. 

“As mulheres formam a maioria da população brasileira e as contribuições de cada uma delas na economia e no desenvolvimento do país são muitas vezes invisíveis. Por trás de um trabalho de cuidado, de um empreendedorismo doméstico, há uma mulher pouco apoiada financeiramente nas políticas de acesso ao crédito, por exemplo. Ou seja, elas somam para a acumulação de riquezas do país, mas infelizmente não participam da distribuição igualitária delas para melhorar suas vidas”, enfatizou a ministra interina em sua fala inicial. 

A atividade foi promovida pela Aliança Empreendedora com apoio do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), e debateu formas de alavancar o empreendedorismo de base, com especial atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade 

O mundo do trabalho mudou, mas as mulheres não podem ser preteridas ou optarem pelo empreendedorismo como única opção, segundo a representante da titular da pasta,  Márcia Lopes. Para Eutalia, empoderar as mulheres para que atuem em grau de competitividade e colham os frutos desse trabalho está entre as prioridades do Ministério das Mulheres.

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“Mais de 10 milhões de mulheres são donas do seu próprio negócio, mas é um negócio lucrativo? Ele traz a inclusão socioeconômica de fato para essas mulheres? Cinquenta e um por cento das mulheres empreendedoras são chefes de família, e o Cadastro Único e o Bolsa Família já mostram isso: 53% das mulheres empreendedoras são mães e 87% das mulheres empreendem por conta própria, às vezes sem apoio e dificuldade no acesso ao crédito. Então, queremos que as mulheres acessem o mercado de trabalho com qualidade, seja por meio de emprego formal, pelo empreendedorismo e cooperativismo. Queremos ampliar as iniciativas já existentes e melhorar a vida das mulheres e por consequência de toda a sociedade”, defendeu Eutalia Barbosa.

Retomada do empreendedorismo feminino

De acordo com o Sebrae, a participação das mulheres no universo do empreendedorismo voltou a crescer no Brasil em 2024. 

Depois de sofrerem uma queda por quatro anos consecutivos (entre 2019 e 2023), quando a participação das donas de negócios no grupo dos chamados empreendedores iniciais caiu de 50% para 40,2%, as empreendedoras registraram um incremento de 6,6 pontos percentuais, alcançando 46,8% do total.

Segundo revelou a pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2024), realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo (Anegepe), a presença das mulheres entre os empreendedores com até 3,5 anos de operação conseguiu uma expressiva recuperação após sofrer a pressão ocasionada principalmente pela crise causada pela pandemia de Covid-19.

Ainda de acordo com a pesquisa, a retomada na participação de mulheres no universo do empreendedorismo também foi percebida entre as empresas estabelecidas, que reúnem negócios que estão em operação há mais de 3,5 anos, onde a proporção de mulheres empreendedoras também cresceu, com destaque para aquelas na faixa de 45 a 54 anos de idade.

Em entrevista ao portal do Sebrae, Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae, afirmou que a cultura machista do país  contribui para o amplo desenvolvimento das mulheres neste setor. Além disso, o trabalho invisível do cuidado,  ainda impõe às mulheres a responsabilidade pelos cuidados com a casa, crianças e idosos, levando muitas empreendedoras a abandonarem seus projetos de empreendedorismo.

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“Foi assim durante a pandemia e continua sendo até hoje. Apesar do avanço registrado no ano passado, o empreendedorismo feminino no Brasil ainda enfrenta enormes disparidades que exigem a implementação de políticas públicas que acelerem a abertura de novos espaços, reduzam os obstáculos e permitam uma competição mais equilibrada entre homens e mulheres”, acrescenta Margarete.

Segundo ela, o fato da faixa etária de empreendedoras estabelecidas com melhor desempenho em 2024 ser a de mulheres entre 45 e 54 anos pode ser um forte indicador da necessidade dessa mudança cultural. “Nessa faixa de idade, as mulheres já têm um nível de ocupação menor com filhos pequenos, o que permite que possam se dedicar mais aos seus próprios negócios”, argumenta a diretora. 

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