Nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro deu nova demonstração de seu alheamento total da realidade. Paralisado, voltou a insistir com o retorno ao trabalho, como se isso fosse possível. A economia global está paralisando. As informações tanto nacionais quanto internacionais apontam para a radicalização da epidemia. Em consequência, a crise econômica se aprofundará ainda mais, apontam os economistas.
“A crise está aí, as pessoas estão assustadas, elas não vão correr para lotar aviões, restaurantes, cinemas”, afirma o economista Gabriel Ulysses, em entrevista ao Valor Econômico, nesta segunda-feira. Professor associado da Universidade de Oxford, com PhD pela Universidade de Chicago, o economista adverte que as medidas adotadas pelo governo mostram “desconhecimento profundo” do que está ocorrendo.
Diante disso, a reação de Bolsonaro no terreno econômico reflete a posição do governo, que age na contramão das iniciativas adotadas por outros países no mundo. A maioria das nações está adotando políticas de transferência de renda diretamente às pessoas, para que possam enfrentar a crise em quarentena. No Brasil, o PT apresentou nesta segunda-feira proposta para atender imediatamente as necessidades da população, com a criação de um seguro-quarentena que levará o governo a garantir renda para quem ganha até 3 salários-mínimos.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca e Congresso encaminharam um pacote que, entre outras medidas globais, prevê um cheque de US$ 1.200 para o trabalhador ficar em casa. Na Europa, o Reino Unido está garantindo 80% do salário, até o limite de 2.500 libras por mês (ou R$ 14,8 mil). Na Suécia e no Canadá, por sua vez, também haverá subsídios para o pagamento dos salários dos trabalhadores. Na maioria dos países, a demissão está proibida durante a crise.
“O Reino Unido talvez esteja com uma das políticas mais agressivas de manutenção de renda, com pagamento de 80% do salário, até um limite”, destacou o economista Gabriel Ulysses. Para ele, além de assegurar renda, é fundamental garantir os empregos, que o governo tentou atacar na Medida Provisória 927. “Desfazer isso é perder também capital intangível, porque a relação criada entre empresa e trabalhador tem valor produtivo”, diz o especialista.
Precisamos de ação urgente do governo. Ele editou tantas medidas provisórias cruéis para o povo. Por que não edita agora MPs para beneficiar 100 milhões de brasileiros? Converse com o Congresso e com os trabalhadores, presidente.Vamos evitar uma convulsão social.
— Paulo Paim (@paulopaim) March 30, 2020
IMPEDIR O GENOCÍDIO – Os brasileiros não podem morrer. Precisamos salvar vidas. Não precisamos ter que escolher entre o vírus e a fome. O governo precisa começar a agir e parar de mentir. Precisamos da força do Estado e da solidariedade. FIQUE EM CASA.@ptbrasil pic.twitter.com/S856yrfRWE
— Paulo Rocha (@senadorpaulor) March 30, 2020
A única forma do povo se defender do coronavírus é ficando em casa. Ou o governo libera dinheiro urgente na mão do povo ou o povo vai começar a sair pra ganhar seu pão. Até quando vão precisar esperar? A fome tem pressa. E a única forma é o povo receber logo esse dinheiro.
— Lula (@LulaOficial) March 30, 2020
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