A atual crise na Zona do Euro, a necessária reforma em órgãos multilaterais, em particular o Fundo Monetário Internacional (FMI), além do acordo comercial Mercosul-União Européia e as políticas implementadas pelo governo brasileiro para garantir o desenvolvimento e o bem estar social dominaram a pauta da audiência concedida, na última quinta-feira, pelo líder do Governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), a uma missão de assessores da Comissão Europeia.
O grupo veio ao Brasil para conhecer melhor a realidade comercial e industrial do País e o sistema federativo brasileiro.
Pimentel fez uma exposição sobre o atual momento econômico e político do Brasil, chamando a atenção para os programas recentemente apresentados pela presidenta Dilma Rousseff, como o Brasil Sem Miséria e o Brasil Maior, por exemplo. Sobre os temas em pauta no Congresso, Pimentel chamou a atenção principalmente para o novo Código Florestal, que, quando aprovado e aplicado, segundo o senador, deverá ser um dos pilares da consolidação do país como produtor de alimentos—“a meta é nos tornarmos o maior produtor de grãos do planeta”.
Desenvolvimento agrícola
Para Pimentel, a partir da aprovação do Código, o Brasil passará a ter uma das melhores legislações do mundo na área, capaz não só de proteger o meio ambiente, mas também de garantir a expansão da produção agrícola. “Desde a redemocratização e a Constituição de 1988, temos avançado muito na consolidação de marcos legais e das instituições. Todo o esforço em torno da consolidação do Código Florestal também é uma demonstração desse empenho”.
O senador lembrou, ainda que o desenvolvimento agrícola brasileiro conta com forte investimento na pesquisa e na inovação, como comprova o trabalho da Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. “Aliada ao solo, território e clima de que dispomos, a tecnologia é uma das chaves para alcançarmos nosso objetivo”, pontuou Pimentel.
Rediscussão do papel do FMI
Sobre a crise no sistema financeiro internacional, Pimentel defendeu, no encontro, um novo redesenho dos organismos multilaterais – particularmente o Fundo Monetário Internacional. Para Pimentel, a insucesso do organismo nas crises mais recentes e a falta de instrumentos para debelar rapidamente a crise e reestabelecer a confiança são sinalizações claras de que é preciso mudar. “Até a década de 80, o instrumental do FMI dava conta de administrar as crises. De 90 para cá, com as grandes transformações no sistema financeiro, considero necessária uma reestruturação desse organismo”, disse
UE- Mercosul
A visita dos europeus foi apoiada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex, órgão responsável pelo fomento à internacionalização de empresas brasileiras, exportação de produtos e serviços e atração de investimentos.
Os integrantes da delegação, conselheiros do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, informaram ao líder do Governo no Congresso sobre o grande interesse da União Europeia na conclusão do tratado comercial com o Mercosul. Pimentel reiterou o interesse brasileiro na concretização do acordo, lembrando que a UE é o maior investidor estrangeiro no País, além de possuir um mercado de 500 milhões de consumidores, com renda média três vezes maior que a dos brasileiros.
O líder, porém, alertou que há questões a questões que precisam ser definidas no interior do bloco, antes da concretização desse acordo. “O Mercosul já avançou muito em pontos como integração aduaneira, relações comerciais e na constituição de um Parlamento. Acredito que em breve chegaremos a um consenso sobre os termos desse acordo com a União Europeia”, disse Pimentel.Ele lembrou, ainda, que o bloco sulamericano precisa avançar na constituição de uma moeda única e, neste ponto, pode aprender muito com a experiência da Europa, na implementação do euro, assim como tirar valiosas lições da atual crise no velho continente, quando as diferenças entre as realidades econômicas dos integrantes da Zona do Euro surgem como desafios à moeda única.
O encontro com o senador José Pimentel foi a última escala dos assessores europeus no Brasil.