Na contramão do mundo, cai desemprego entre jovens no Brasil

Estudo da OIT alerta para alta do desemprego entre jovens no mundo, em especial na zona do euro, que chega a atingir 54,2% na Grécia. 


Há dez anos, eram 22% os jovens sem emprego
nessa faixa etária. No ano passado, eram 13%

Em todo o mundo, mais de 73 milhões de jovens entre 15 e 29 anos estão desempregados. É o que diz um estudo divulgado nesta quarta-feira (8) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O número representa 12,6% (média) da população desta faixa etária. Embora um pouco menor que a taxa brasileira, o desemprego vem crescendo nesses países e chegou a aumentar em três milhões e meio de pessoas em relação a 2007.

De acordo com o estudo, o desemprego entre jovens aumenta a cada ano. O número para 2013 é 3,5 milhões maior em relação a 2007, quando 11,7% dos jovens estavam desempregados, e está perto dos níveis alcançados no pior momento da crise econômica, em 2009. No Brasil, porém, o índice está em queda vertiginosa, que aumenta a cada ano. Há dez anos, eram 22% os jovens sem emprego nessa faixa etária. No ano passado, eram 13%. Segundo a última pesquisa deste ano do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil é de 5,7%.

O desempenho do Brasil contrasta com o de países da Europa. No Reino Unido, o desemprego que era de 11,9% em 2002, passou para 21,3% dos jovens em 2012. Na França, o índice saltou de 18,3% em 2002 para 22,9% em 2012. Os maiores índices de desemprego entre jovens na Europa estão na Itália (34,4%), Portugal (38,7%), Espanha (52,2%) e Grécia (54,2%). Nos Estados Unidos, o desemprego atinge 16,3% dos jovens. No Canadá, 14,4%. No Japão e na Alemanha, 8,2%. No México, 9,7%. No Chile, 15,8%.

Segundo o relatório da OIT, chamado “Tendência mundiais do emprego juvenil 2013 – Uma geração em perigo”, o mundo tem hoje, entre jovens e adultos, 201,5 milhões de desempregados, sendo os 73,4 milhões de jovens e mais 128 milhões de adultos acima de 29 anos sem trabalho, o que representa 4,6% do total da população adulta economicamente ativa.

As maiores taxas foram registradas no Oriente Médio (28,3%) e no norte da África (23,7%), e as menores foram na Ásia Oriental (9,5 %) e Ásia Meridional (9,3%). Na América Latina e Caribe, este índice é de 13,2% dos jovens.

“Estes números evidenciam a necessidade de focarmos políticas que promovam o crescimento, a melhoria da educação e os sistemas de qualificação, além do emprego juvenil”, declarou José Manuel Salazar-Xirinachs, Subdiretor Geral de Políticas da OIT.

Trabalho temporário
Aqueles que encontram trabalho estão obrigados a ser menos exigente quanto ao tipo de emprego que exercem, incluindo trabalho em tempo parcial ou temporário, já que necessitam desesperadamente de renda. “Os empregos seguros são menos acessíveis para os jovens de hoje, que têm como única opção o trabalho temporário ou de meio período”, diz Salazar-Xirinachs.

O estudo da OIT mostra ainda que aumentou no mundo o número de jovens que estão desempregados há mais de seis meses. “As consequências a longo prazo disso são a perda da experiência de trabalho e o enfraquecimento de sua capacidade profissional”, diz o consultor. “Para um jovem, ficar sem emprego nos primeiros anos de carreira, pode ter consequências em seu salário e enfraquecer suas perspectivas de renda, ainda décadas mais tarde”.

Nas economias avançadas, o número de NEET – jovens que não trabalham nem estudam, conhecidos como ni-ni em países de língua hispânica – está aumentando e se situa em uma relação de um a seis. Estes jovens estão em perigo, o de serem excluídos do mercado laboral e social.

Os desajustes profissionais e a inadequação das qualificação, que também estão aumentando, colocam em perigo as políticas dirigidas a requalificar os trabalhadores através da colaboração com o setor privado. Os jovens mais vulneráveis ao desajuste profissional incluem, particularmente, as mulheres que já tenham sido desempregadas.

Veja a íntegra do relatório do OIT em espanhol

Leia mais:

OIT: desemprego entre jovens cai para 15% no Brasil

Inclusão social com democracia: um exemplo do Brasil para o mundo

To top