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Sobreviventes da Covid cobram desculpas de Bolsonaro

CPI da Covid ouviu relatos emocionantes de pessoas impactadas pela pandemia com a perda de familiares. Convidados também criticaram postura negacionista adotada por Bolsonaro que ajudou o Brasil a superar marca de 600 mil mortes causadas pela Covid-19
Sobreviventes da Covid cobram desculpas de Bolsonaro

Foto: Alessandro Dantas

A CPI da Covid realizou nesta segunda-feira (18) uma emocionante sessão para ouvir familiares de vítimas e sobreviventes da Covid-19. Durante os depoimentos dos convidados, um representante de cada região do Brasil, foram feitas diversas críticas, principalmente, ao comportamento errático de Jair Bolsonaro na gestão da pandemia e que contribuiu, sobremaneira, para a marca de 603.324 mortes ocorridas pela doença até o dia de hoje.

O presidente da organização não governamental Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, listou durante a sua fala os episódios nos quais Bolsonaro contribuiu para amplificar a tragédia sanitária provocada pela pandemia e classificou o comportamento do presidente como “ridículo”. A Rio de Paz também estendeu em frente ao Congresso Nacional 600 lenços brancos, posteriormente, entregues à CPI, simbolizando as mais de 600 mil vítimas da pandemia no Brasil.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou que o governo Bolsonaro não agiu apenas como negacionista da pandemia, mas foi aliado do vírus ao promover aglomerações com intuito de alcançar a chamada imunidade de rebanho, visando um método de imunização contra a Covid-19 que colocou em risco a vida dos cidadãos e vitimou milhares de brasileiros e brasileiras.

Foto: Alessandro Dantas

“O governo não foi só negacionista, ele não foi só inerte, ele não foi só incompetente ou negligente. Ele agiu de forma intencional para ampliar o contágio. Ele agiu de forma intencional para que as pessoas se infeccionassem para produzir a imunidade coletiva. Isso é muito mais grave, muito mais cruel. Isso é tenebroso, macabro. Eles expuseram 216 milhões de pessoas ao risco de contrair uma doença que todos sabiam que era grave e letal”, afirmou.

O taxista Márcio Antônio dos Nascimento da Silva, que ficou conhecido por recolocar cruzes derrubadas por manifestantes bolsonaristas num ato de homenagem às vítimas da Covid-19 na praia de Copacabana, afirmou que o “mínimo” que a população merecia era um pedido de desculpas de Bolsonaro após de toda a falta de orientação que o governo deixou de dar durante a pandemia e demora na compra de vacinas que vitimou milhares de brasileiros, dentre eles, seu filho, Hugo, de 25 anos.

Relatos comoventes
Os membros da CPI ouviram uma sequência de relatos emocionantes de como a pandemia afetou a vida de famílias inteiras de diferentes formas. Um dos depoimentos foi da jovem Giovanna Gomes Mendes da Silva, de 19 anos. Ela perdeu o pai e a mãe no espaço de 14 dias para a Covid-19 e ficou como responsável legal pela irmã de apenas 10 anos de idade.

O senhor Arquivaldo Bites, perdeu seis parentes próximos para a Covid-19, afirmou aos senadores que foi hostilizado por defensores do governo apenas por defender as medidas de restrição social para combater a pandemia. Após sobreviver à doença, ele relatou ter ficado com diversas sequelas.

A enfermeira Mayra Lima, de Manaus, perdeu a irmã para a Covid-19 em janeiro deste ano no auge da crise da falta de oxigênio que acometeu a capital do Amazonas. Ela deixou quatro crianças.

Durante seu relato, Mayra explicou as dificuldades que profissionais de saúde e pacientes tinham para obter materiais básicos de proteção contra a Covid-19 no ambiente hospitalar.

Relatório deve dar uma resposta clara para a sociedade
O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou que o relatório final da CPI, previsto para ser lido na próximo quarta-feira (20), precisa dar uma “resposta clara” e corresponder às expectativas que foram criadas pela sociedade após o extenso trabalho de investigação realizado pelo colegiado.

Foto: Alessandro Dantas

“Os senadores que estão aqui não tem o direito de deixar de dar ao Brasil uma resposta clara, unificada. Não podemos nos transformar numa fogueira de vaidades nesse final de um trabalho tão bonito, tão importante e que vai ficar para a história desse País. Precisamos ter a clareza da importância da expectativa que o povo brasileiro tem em relação a essa CPI. Nada pode justificar que não busquemos o tempo inteiro construir algo que seja justo, contundente e fruto de um trabalho coletivo”, destacou o senador.

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