Do dia 27 de outubro de 1945 até esta terça-feira, 3 de março de 2020, muitas fora as lutas que Luiz Inácio Lula da Silva travou. Contra à fome quando ainda era criança em Caetés, no Pernambuco. Por direitos para os trabalhadores e pela democracia, atuando no Sindicato dos Metalúrgico do ABC, em São Paulo. Contra a miséria no país como o 39º Presidente da República.
A partir do período de sindicalista Lula também passou a enfrentar a luta contra a perseguição política. Caçada que não deu um dia de trégua e levou à derrotas e perdas irreparáveis, como a morte do irmão, do neto e da companheira de toda uma vida, Marisa Letícia Lula da Silva.
E talvez seja justamente dela que o ex-presidente tira ainda hoje, no alto dos seus 74 anos, a inspiração para seguir lutando, ou como ele mesmo disse no seu discurso de posse, em 1º de janeiro de 2003, “às vezes, ela e eu decidíamos que a luta ia continuar, porque não havia outra coisa a fazer a não ser continuar a luta para chegar onde nós chegamos”. E não há. Após tantas perdas e 580 dias de cárcere político, Lula faz da luta a sua vida, e da vida uma batalha contra às desigualdades que assolam o mundo.
Da economia de Francisco à ‘Capital no século XXI’
Em viagens pela Europa, o ex-presidente reafirma seu protagonismo como um dos principais líderes no combate à fome, à miséria e às desigualdades sociais e econômicas. Após o encontro com o Papa Francisco, no início de fevereiro, Lula celebrou a iniciativa do Sumo Pontífice de convocar um encontro mundial de jovens economistas, que terá a luta contra a desigualdade como tema central.
O ex-presidente disse ter ouvido do Papa que ele, aos 84 anos de idade, “quer fazer coisas que sejam irreversíveis, que fiquem para sempre no seio da sociedade”. Para Lula, a inciativa de estimular a juventude a discutir a nova economia do mundo é uma necessidade. “Isso deve servir de exemplo para o movimento sindical, para outras igrejas e para os partidos políticos do mundo inteiro”, disse após o encontro, que ainda ressaltou:
“O mundo está ficando mais desigual e maioria dos trabalhadores está perdendo direitos. Muitas das conquistas que tivemos no Século XX estão sendo derrubadas pela ganância dos interesses empresariais e financeiros. Quem é que vai oferecer trabalho aos trabalhadores? Quem vai pagar salários? Quem é que vai cuidar das pessoas pobres, que nem oportunidade de emprego têm?”, questionou.
Já na França, onde se encontrou com Sebastião Salgado, Jean-Luc Mélenchon, François Hollande e a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, para receber o título de cidadão honorário, Lula exaltou o Legado dos Governos do PT no combate às desigualdades, após acertar uma colaboração com o economista Thomas Piketty:
“Um tema urgente e com o qual pude contribuir hoje a partir da experiência brasileira no combate à miséria. Nós temos que expor a desigualdade como um problema político, uma questão de dignidade humana. Não haverá diminuição da desigualdade se a gente não mexer no coração da riqueza. Combinamos que esse será o primeiro encontro de uma longa colaboração para aprofundar esse debate no Brasil e no mundo”, anunciou Lula.