O governo federal anunciou ter alcançado neste ano a menor taxa de desmatamento na Amazônia desde 1988, quando o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) começou a medição.
Segundo dados do sistema Prodes, divulgados ontem pelo Inpe, o desmatamento acumulado entre agosto de 2010 e julho deste ano foi de 6.238 km², o equivalente a mais de quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo, com uma margem de erro de 10%.
O número representa uma queda de 11% em relação ao registrado no ano passado, 7.000 km2, que já era um índice recorde de baixa.
Em 2004, o nível de desmatamento acumulado no ano chegou a 27 mil km².
O Estado do Pará continua disparado no topo da lista dos que mais desmatam. Contudo, apesar de responder por 46% do desflorestamento, o índice registrado no Estado caiu 15% em relação a 2010.
Mato Grosso e Rondônia, que também detêm altos índices de desmatamento, seguem tendência oposta.
O primeiro teve aumento de 20% na derrubada da vegetação, chegando a um total de 1.126 km², enquanto Rondônia dobrou a taxa de um ano para outro: o acumulado de 2011 registrou um total de 869 km².
USINAS
A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, é apontada por ambientalistas como um dos motivos para o crescimento do desmate.
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) afirmou que ainda não há um motivo claro para o crescimento. “É algo que precisa ser esclarecido, precisamos entender quais são as causas que estão determinando essa mudança de perfil”, afirmou.
O governo espera que, com a diminuição do desmatamento e a regeneração da floresta destruída, a Amazônia passe, a partir de 2015, a fazer sequestro de carbono (processo de remoção de gás carbônico do ar), e não mais emissões desse gás.
“Não é uma meta rápida, mas é um projeto viável e vamos todos nos debruçar sobre ele”, afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).
Apesar dos valores positivos, as taxas baseadas no sistema Prodes contrariam a tendência registrada por outro sistema do Inpe, o Deter, que só enxerga o desmatamento em áreas maiores que 25 hectares.
Com o uso de imagens de satélite, esse sistema tem apontado uma tendência de crescimento da destruição das florestas na região.
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O Deter é mais rápido que o Prodes, porém é “míope”: não detecta pequenas áreas desmatadas. É por isso que o governo evita usá-lo para cálculo de área derrubada.
“Naquilo que foi desmatado, vem crescendo ano a ano a participação relativa dos pequenos desmatamentos, porque os grandes estão sendo combatidos com muita eficiência”, disse Mercadante.