Otimismo no mercado industrial. Depois de problemas localizados em 2012, que resultaram em pequenos cortes no número de empregos, as indústrias, animadas com o cenário mais favorável, prevê a criação de até 350 mil novas vagas. O mercado doméstico tem grande participação nesse aquecimento. Segundo matéria publicada nesta quinta-feira (02) pelo jornal O Globo, boa parte dessas vagas deve ser ocupada por profissionais qualificados.
Leia abaixo a íntegra da matéria:
Depois de um corte de 1,4% no pessoal em
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que serão criados 349,4 mil empregos no setor este ano, sobretudo no segundo semestre. E, com o aquecimento do mercado doméstico, a necessidade de profissionais qualificados para atender às demandas do país também deve crescer de forma acelerada. Pelas contas da CNI, até 2015, o Brasil vai precisar de 2,1 milhões de pessoas com formação industrial para as novas vagas em todos os setores. Desse total, 1,3 milhão para atuar somente na indústria.
Márcio Guerra, gerente-executivo da Unidade de Estudos e Prospectiva da CNI, explicou que, hoje, segmentos como serviços e comércio varejista precisam de técnicos de montagem de computadores, têxteis e de etiquetagem. O Senai espera dobrar o número de formandos até 2015, atendendo a quatro milhões.
— Essa formação não é apenas para o preenchimento de novas vagas, mas também para a atualização tecnológica dos que já estão no mercado — disse.
Antes da crise, 319 mil vagas por ano
Com ensino médio completo e dificuldade para encontrar emprego, a paraibana Kamila Lopes, de 19 anos, vislumbrou na indústria a oportunidade de fazer carreira e decidiu entrar em um ramo historicamente dominado por homens. Única mulher em uma turma de 20 alunos no curso de eletromecânica automotiva, ela deve se formar em setembro e já tem emprego garantido em uma concessionária. Para o futuro, Kamila tem outros planos:
— As expectativas são boas. Quero fazer outros cursos técnicos e penso em uma graduação em engenharia mecânica.
Servidor público, o biomédico Hamilton Goulart dos Santos, de 38 anos, está fazendo uma série de cursos no setor automotivo para, em cinco anos, abrir sua oficina de restauração de veículos:
— É o meu plano de aposentadoria.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, embora o setor possa não ter um “crescimento fantástico” este ano, o desempenho será muito melhor que o registrado em 2012. Nas contas da entidade, serão criadas entre 100 mil e 200 mil vagas no país até dezembro:
— A previsão de crescimento da indústria este ano é em torno de 2,5%. Com atualização tecnológica e inovação, a formação profissional deve ser constante.
O economista da LCA Consultores Fábio Romão estima que serão abertas 250 mil vagas no setor este ano. Entre 2004 e 2008, antes da crise econômica mundial, a média foi de 319 mil novos postos formais de trabalho por ano.
— No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país) cresceu 0,9%. Para este ano, a gente espera 3,5% — disse.
Pelos dados da CNI, a maioria das oportunidades abertas nos próximos três anos — 738,2 mil vagas — será para as ocupações que exigem baixa qualificação, com cursos de menos de 200 horas. Entre elas, estão ajudantes de obras civis e motoristas. Em segundo lugar, estão as ocupações para pessoas com mais de 200 horas de qualificação, para as quais deverão ser abertas 334,8 mil vagas em três anos, em cargos como de operadores de máquinas de costura, padeiros e eletricistas.
As fábricas precisarão também de 202,5 mil pessoas com formação técnica, como técnicos de controle da produção. Por último, as indústrias devem abrir 30,9 mil vagas de nível superior, a maioria para engenheiros civis.