Para Krugman, vulnerabilidade deixou de ser |
Quando a mídia tradicional resolve dar vazão a uma voz diferente a dos usuais analistas de mercado, o pessimismo sobre a economia brasileira desaparece. Nesta quarta-feira (19), o jornal O Estado de S. Paulo mostra claramente essa mudança de avaliação na reportagem “Brasil deixou de ser vulnerável há muito tempo, diz Paul Krugman”, em que o próprio folhetim reconhece que a avaliação do laureado economista está na “contramão de avaliações recentes”. O economista, que recebeu o prêmio Nobel em 2008 por relevantes contribuições à nova teoria do comércio e à nova geografia econômica, está no Brasil para participar de uma rodada de debates promovidos pela revista Carta Capital sobre a economia do País.
Na palestra que conferiu na terça-feira, 18, Krugman destacou que a economia do Brasil “não é mais vulnerável” há muito tempo. “O Brasil saiu da crise mundial muito bem e não se justificam preocupações com sua economia”, afirmou. “O Brasil tem um desempenho muito bom da economia, em meio à crise internacional”, completou.
Para Krugman, há maior confiança no País e a política fiscal está mais responsável. Ele observou que a dívida externa do País não é mais um fator importante no caso do Brasil porque Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é bem maior, pouco acima de US$ 2 trilhões, e possui reservas próximas de US$ 370 bilhões. “Além disso, o País tem hoje uma menor exposição em dívida denominada em moeda estrangeira”, afirmou.
Nem mesmo o câmbio apreciado, objeto das mais fortes críticas de Paul Krugman em outras visitas ao País, foi mencionado como um problema durante sua palestra. Na avaliação do economista, o fator que mais merece atenção do Brasil é a economia chinesa, que em uma possível desaceleração pode dar um choque na economia nacional. Mas, acredita o Nobel de Economia, que esse não é o principal cenário com o qual trabalha para o país asiático no curto prazo. “Estou preocupado com um choque na economia chinesa, mas não seria catástrofe”, comentou.
A fala de Krugman é uma espécie de contraponto ao recente estudo divulgado pelo Federal Reserve (o banco central americano) de que o Brasil tem a segunda economia mais vulnerável de um conjunto de quinze países, atrás apenas da Turquia. A avaliação americana já foi objeto até de uma representação de censura da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que observou a falta de transparência da metodologia usada e a manipulação de informações para se chegar ao resultado apresentado.
Confira a íntegra da matéria do Estadão
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