Foi a segunda maior capitação do ano. |
Ao contrário do que vinha propagando a mídia e a oposição de que a Petrobras estaria descapitalizada e à beira da falência, não foi isso que demonstrou a empresa ao voltar ao mercado de títulos de dívida internacional. A empresa bateu recorde ao obter a maior captação externa da história já realizada por um emissor de mercados emergentes, considerando empresas e bancos. Em menos de um dia, levantou US$ 11 bilhões. A demanda superou US$ 40 bilhões.
No ranking global de emissões corporativas, incluindo o setor financeiro, a captação é a nona maior da história. Foi a segunda maior capitação do ano. A Petrobras ficou apenas atrás da Apple, de US$ 17 bilhões.
Os recursos levantados serão aplicados, essencialmente, no extenso plano de negócios da empresa que até 2016 prevê investimentos de mais de R$ 200 bilhões nas áreas de exploração e produção, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, em distribuição e ainda nas áreas de gás natural e de biocombustíveis, o que reafirma a estratégia de ser uma das empresas líderes no segmento de energia.
Leia a íntegra da matéria:
Petrobras capta US$ 11 bilhões, recorde para emissor emergente
Por Alessandra Bellotto | De São Paulo
Depois de seis meses fora do mercado de títulos de dívida internacional, a Petrobras não precisou nem de um dia inteiro para fechar a maior captação externa da história já realizada por um emissor de mercados emergentes, considerando empresas e bancos. Foram levantados US$ 11 bilhões em seis tranches diferentes. A demanda, segundo uma pessoa que acompanhou a operação, superou os US$ 40 bilhões.
No ranking global de emissões corporativas, incluindo o setor financeiro, nas diversas moedas, a captação da estatal brasileira de petróleo é a nona maior da história em volume equivalente em dólar, segundo a consultoria Dealogic. Considerando apenas este ano, a Petrobras está na vice-liderança, atrás apenas da Apple, que foi a mercado em abril e levantou US$ 17 bilhões, após atrair uma demanda de US$ 50 bilhões.
Apesar da demora em acessar o mercado de bônus – em 2012, a Petrobras fez sua primeira operação em fevereiro -, não havia dúvidas entre executivos de bancos e investidores de que a companhia faria uma captação externa, por conta da forte necessidade de recursos para financiar seu ambicioso plano de investimentos de US$ 237 bilhões em cinco anos.
A própria Petrobras, por meio de seu diretor financeiro, Almir Barbassa, já tinha dito que pretendia recorrer ao mercado externo neste ano para levantar US$ 20 bilhões, entre emissões de bônus e empréstimos. Mas as condições de preço não vinham favoráveis à empresa, apesar da contínua demanda por seus papéis empresa. Nas últimas semanas, contudo, cresceu a expectativa em relação a uma captação externa da Petrobras. Isso por conta de resultados melhores referentes ao primeiro trimestre e pela maior estabilidade dos mercados lá fora e melhora da percepção de risco para Brasil. O preço para a compra de proteção contra calote da dívida brasileira, conhecido como “credit default swap” (CDS, na sigla em inglês), terminou abril perto do menor nível em três meses, pouco acima de 100 pontos-base. O Tesouro Nacional, que não fazia uma emissão havia oito meses, aproveitou a melhora do mercado e captou US$ 800 milhões na última quinta-feira.
O fato de a operação da Petrobras ter saído logo após a captação do Tesouro, segundo executivo que acompanhou o negócio, foi coincidência. “A Petrobras não precisa que nenhum emissor abra uma janela para ela captar, é só olhar o tamanho da operação”, afirma. Ainda segundo ele, a emissão contou com duas tranches com taxa pós-fixada, atrelada à Libor (juro interbancário londrino), como se fosse um empréstimo. “Essas foram tranches voltadas para o investidor preocupado com uma alta dos juros lá fora”, explica.
A tranche pós-fixada com vencimento em três anos somou US$ 1 bilhão, com rendimento de 162 pontos mais Libor de três meses, ante spread estimado inicialmente em 195 pontos. Já os títulos com prazo de pouco mais de cinco anos, também pós-fixados, alcançaram US$ 1,5 bilhão e saíram com rendimento de Libor de três meses mais 214 pontos, acima dos 235 pontos previstos inicialmente.
A forte demanda também derrubou os preços dos bônus prefixados. Na tranche de três anos, que somou US$ 1,25 bilhão, a Petrobras vai pagar um spread sobre os títulos do Tesouro americano de 175 pontos-base, abaixo dos 205 pontos previstos. Segundo dados da agência “Reuters”, esse spread equivale a um retorno ao investidor de 2,144% ao ano – abaixo da última emissão de três anos feita no ano passado, que saiu a 3,051%, com spread de 275 pontos.
Com os bônus que vencem em janeiro de 2019, a companhia captou US$ 2 bilhões, pagando spread de 230 pontos sobre os títulos americanos – o equivalente a 3,125% ao ano, segundo a “Reuters” -, ante expectativa inicial de prêmio de 250 pontos. Na operação de cinco anos feita em 2012, a Petrobras pagou 3,628%, o equivalente um spread de 290 pontos.
Já a tranche de dez anos alcançou US$ 3,5 bilhões e vai pagar prêmio de 260 pontos sobre os títulos americanos, abaixo dos 275 pontos indicativos. O retorno ficou em 4,522%, abaixo do pago na reabertura no ano passado de uma emissão de dez anos (4,796%). Os bônus de 30 anos somaram US$ 1,75 bilhão, com spread de 265 pontos, ante 285 pontos estimados inicialmente. O retorno ao investido foi de 5,764%, abaixo dos 5,935% pagos na reabertura em 2012 dos bônus de 30 anos da companhia.
Coordenaram a operação BB Securities, BofA Merrill Lynch, Itaú BBA, Morgan Stanley, Citi, HSBC e J.P. Morgan. A Petrobras conta com a opção de ampliar a captação no mercado asiático em até 5%. Em 2012, a empresa levantou via bônus um total de US$ 10,3 bilhões.
Valor Econômico