Na mídia: sem Bolsa Família, desigualdade social não teria caído tanto

No artigo “Bolsa Família, bem-estar e boca do jacaré”, no Valor, Marcelo Neri destaca impacto essencial das políticas sociais no Brasil.

Sem as políticas redistributivas patrocinadas pelo Estado brasileiro, a desigualdade teria caído 36% menos na década.

“A pobreza brasileira cai desde o fim da recessão de 2003, tendência sustentada durante as crises recentes. Olhando para a década como um todo, a proporção de pobres caiu 57,5% entre as Pnads 2001 e 2011”, constata Marcelo Neri, presidente do Ipea, em artigo publicado no jornal Valor Econômico desta terça-feira (23/10).

Segundo ele, “52% da redução de pobreza experimentada na década foi provocada por mudanças na desigualdade de renda e o restante explicado pelo crescimento. Sem essa redução da desigualdade, a renda média precisaria ter aumentado quase 89% mais para a pobreza experimentar a mesma queda”. “Entre 2001 e 2011, a renda dos 10% mais ricos aumentou 16,6%, enquanto a renda dos 10% mais pobres cresceu 91,2% no período. Ou seja, a do décimo mais pobre cresceu 550% mais rápido que a do mais rico”, contabiliza.

Neri ainda ressalta o impacto da política social brasileira: “cada real aplicado no Bolsa Família, alavancou impactos distributivos 363% maiores que os da previdência social”.

“Quanto maior a sensibilidade a desigualdade, maior a boca de jacaré e o impacto do Bolsa Família e congêneres em abri-la. Se a aversão for baixa, os resultados levando ou não em conta o Bolsa Família são quase idênticos. Se a aversão for alta, então há marcada melhora de bem estar pode ser atribuída ao Bolsa Família. Neste caso, a abertura da boca de jacaré cairia a um quinto da observada, se o Bolsa Família não existisse. Ou seja, a abertura da boca do jacaré e a alavancagem proporcionada pelo Bolsa Família crescem com a preocupação com os mais pobres”.

 

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