Além do depoimento do radialista Luiz Carlos Bordoni, dois temas movimentaram a reunião desta quarta-feira (27/06) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira: as ameaças a parlamentares e integrantes do Ministério Público, e a mudança nos procedimentos da Comissão quando os depoentes, munidos de decisões judiciais, recusam-se a falar.
Vários parlamentares que integram a CPI mista protestaram contra as tentativas de intimidação feitas recentemente à procuradora Lea Batista, de Goiás, que participou das investigações sobre Cachoeira. A deputada Íris Araújo (PMDB-GO), também denunciou ter recebido ameaças de morte por meio de sua página no microblog twitter. “Esta questão de ameaça, eu recebo todo o dia, chegando ao ponto de receber twittes ameaçadores, dizendo que iriam me metralhar, que eu seria sequestrada. Não podermos deixar que se crie este conceito de que a CPMI, ou os membros dela, possam ser ameaçados”, disse a deputada.
Íris Araújo informou que foi protocolado um ofício na Câmara dos Deputados para pedir investigação. O vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), propôs que os parlamentares integrantes da CPI peçam proteção. “Vou propor a esta CPMI que ela possa mover-se na direção de dar proteção a juízes, procuradores e até parlamentares, já que temos o depoimento aqui de que a deputada Íris de Araújo foi ameaçada”, disse Teixeira.
Ele deixou claro que existe uma articulação da organização criminosa para amedrontar parlamentares, magistrados e policiais que participam da investigação. “Vamos até o fim para desbaratar essa quadrilha”, assegurou. O senador Pedro Taques chamou de “canalhas” os que utilizam qualquer meio para intimidar as pessoas.
Os parlamentares também discutiram as ameaças que vêm sendo feitas aos magistrados e procuradores da República que trabalham nas Operações Vegas e Monte Carlo. O juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que autorizou escutas da Operação Monte Carlo e também a prisão do bicheiro Carlos Cachoeira pediu para deixar o caso.
Mudança de rito
Outro tema em debate foi a proposta de alteração na condução dos trabalhos da CPMI. Alguns parlamentares defendem que, mesmo quando os depoentes se recusam a falar, as perguntas dos parlamentares devem ser feitas. Atualmente, por acordo entre os integrantes da Comissão, quando uma testemunha obtém na Justiça o direito de permanecer calada e declara que vai se manter em silêncio, é imediatamente dispensada.
O presidente da CPMI, deputado Vital do Rêgo (PMDB-PB) preferiu dividir a responsabilidade pela decisão com todos os integrantes do colegiado. A votação da proposta deve acontecer na reunião desta quinta-feira (28/06), quando serão ouvidos ex-assessores do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiróz (PT).
Giselle Chassot
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