“Não registramos ataques em nossos sistemas”, diz presidenta da Petrobras

“Não registramos ataques em nossos sistemas”, diz presidenta da Petrobras

 

Graça Foster: “Ninguém conhece Libra como a
Petrobras”

A presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou hoje, na audiência pública da CPI da Espionagem, que a área de segurança da informação da empresa não registrou qualquer ataque aos sistemas de computadores que guardam documentos sobre pesquisa, exploração ou produção de petróleo, principalmente dados sobre o campo de Libra que será leiloado pelo modelo de partilha no dia 21 de outubro. Graça Foster reconheceu que a matéria veiculada no Fantástico, com as chamadas sendo divulgadas durante todo o dia de domingo, incomodou, causou um desconforto.

“Durante o dia, a imprensa já queria fazer uma repercussão da notícia que seria levada ao programa à noite. Reunimos todas as áreas envolvidas em segurança para fazer uma análise. Mas o fato é que, por mês, 190 milhões de e-mails tentam entrar na empresa, mas os filtros de segurança descartam as mensagens desprezíveis e só chegam 16 milhões de e-mails aos destinatários finais. Não constatamos uma invasão. E todos os dados relevantes ficam guardados fora do ambiente da internet”, esclareceu. Por ano, a Petrobras investe R$ 4 bilhões em segurança da informação e, até 2020, serão investidos R$ 20 bilhões.

Libra
Se há interesse de que a Petrobras fique de fora do leilão de Libra – hoje é o último dia para as empresas interessadas em participar da rodada de licitação adquirirem os documentos disponíveis pela ANP, sendo que 18 empresas já fizeram isso -, Graça Foster jogou um balde de água fria naqueles que torcem para o cancelamento do leilão. “Fomos nós que recebemos a autorização da ANP para perfurar o campo de Libra. Fomos até 6.023 metros de profundidade e descobrimos petróleo após a camada do pré-sal. Temos todas as informações. A Shell havia feito perfurações até 3.789 metros. Portanto, o campo de Libra é muito caro para a Petrobras e estamos preparados para a disputa e para o cumprimento do contrato de partilha de produção”, afirmou.

Graça Foster explicou que no setor petrolífero as empresas atuam de maneira interligada, e a Petrobras, por exemplo, tem parcerias com 42 empresas que exploram e produzem petróleo pelo mundo afora. O que difere uma empresa de outra é a gestão, a atividade de criação de valor e a administração da arquitetura do conhecimento. “Nós somos uma referência mundial na perfuração em águas profundas. Há empresas que dominam a produção nas areias betuminosas do Canadá, assim como têm aquelas que dominam a produção do shale gas (gás de xisto). E nessas parcerias todos têm o interesse de cumprir os contratos de confidencialidade, porque o que está em jogo é a reputação empresarial”, disse ela.

Pré-Sal S.A.
Graça Foster garantiu que a Petrobras está preparada para seguir a lei que estabeleceu o modelo de partilha de produção, onde a União

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 Graça Foster garantiu que a Petrobras está
 preparada para seguir a lei que estabeleceu o
 modelo de partilha de produção

passará a ser sócia dos campos do pré-sal que serão leiloados. “Eu acredito que essa equação econômica vai ser bem-sucedida ainda que seja para todos nós um aprendizado. A lei é clara, o edital bem estruturado, as pessoas conhecem bem as disciplinas. Existe um agente que é muito importante nesse conjunto que é a empresa Pré-Sal. Essa empresa precisa ter um grande líder ou uma grande líder porque é ela que vai cuidar para que as melhores práticas aconteçam preservando a União, os custos adequados, de tal forma que o recurso seja relevante e chegue para a saúde e educação”, afirmou.

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que acompanhou toda a apresentação de Graça Foster, elogiou dizendo que ela é uma das melhores executivas do País. “Ela foi convincente, mostrando os investimentos da Petrobras em tecnologia da informação que superam os R$ 4 bilhões anuais. Os sistemas de defesa são eficazes e isso mostra que a companhia está protegida. Além disso, a intranet está separada da internet, o que é um ponto importante”, disse ele.

Delcídio destacou a informação dada por Graça Foster sobre como funciona a tomada de decisões, ou seja, várias áreas fazem estudos de pontos específicos, que vão sendo afunilados, para que a decisão final seja adotada pela presidência da empresa. “Para existir uma suposta pirataria tecnológica e de conhecimento, como disse Graça Foster, era melhor arrastar a Petrobras inteira. No caso de Libra, a decisão está nas mãos da presidenta e do diretor de exploração e produção”, disse, acrescentando que foram esclarecedoras a apresentação de Graça Foster hoje e da diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, ontem, também para tratar da bisbilhotagem americana. Delcídio aproveitou para elogiar a presidenta Dilma por ter adiado sua visita oficial aos Estados Unidos.

Marcello Antunes

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