Ataque aos trabalhadores

No Brasil da pandemia, a velha luta de classes mostra a cara

Empresas pressionam o governo Bolsonaro a tornar permanentes medidas adotadas emergencialmente durante a crise sanitária. Depois da reforma trabalhista, querem retirar mais direitos dos trabalhadores, como recolhimento das parcelas do FGTS e liberação de exigências relativas às férias. PT promete brigar em defesa das conquistas sociais
No Brasil da pandemia, a velha luta de classes mostra a cara

Foto: Joka Madruga

A notícia surgiu na terça-feira, 7 de abril, entre tantas outras estampadas na Folha de S.Paulo. Em plena pandemia do coronavírus, o governo passou a ser pressionado por empresas e entidades patronais a tornar permanentes benefícios concedidos ao setor privado. Na prática, querem que depois do fim da crise sanitária, as empresas possam adiar o recolhimento das parcelas do FGTS, ser liberadas das exigências relativas à concessão de férias, que hoje podem ser antecipadas; e ficariam condicionadas a pagar o abono de um terço do valor do salário junto com o 13º salário. O PT avisa que é contra.

“O remédio amargo não pode ser tomado apenas pela classe trabalhadora, os pobres e a sociedade civil. O país e o Congresso Nacional vão ter de discutir seriamente as cotas e sacrifícios que os ricos e abastados neste país também terão de pagar”, adverte a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também sinalizou que não adianta impor perdas ao povo. “O temos de fazer criar uma agenda sanitária, econômica e social para reduzir os danos da pandemia”, avisa.

Se depender de Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, a corda pode arrebentar do lado mais fraco. Basta ver as medidas anunciadas até agora pelo governo para conter a pandemia. No país de pindorama, a conta amarga da crise seria ministrada para tirar dos pobres e entregar aos ricos o custo da crise sanitária. Ou seja, na volta à normalidade, o andar de cima vai retirar mais direitos do andar debaixo. Setores que pleitearam as mudanças, como da indústria e do agronegócio, além de comércio e serviços, apostam em perenizar as novas regras.

Ataque aos direitos
Desde março, o governo vem anunciando providências para, de um lado, dizer que está reforçando os sistemas de saúde, e, de outro, anunciar que pretende preservar os empregos. Muitas das medidas afetam relações trabalhistas, financeiras e tributárias. E se revestem de ataques aos direitos sociais. Foi isso que levou o governo a editar a MP 936, que autoriza as empresas a cortarem salários e reduzirem até 70% da jornada de trabalho com recomposição de uma parte das perdas salariais pelo governo, via seguro- desemprego.

A força da MP 936 caiu graças ao Supremo Tribunal Federal. O ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar condicionando a redução de salários e horas trabalhadas a acordo coletivo fechado pelo sindicato. A medida ainda será apreciada em plenário. O PT ainda luta na Câmara para transformar a medida provisória numa lei que assegure renda de até três salários mínimos aos trabalhadores privados, que seriam beneficiados durante a crise com um Salário Quarentena pelo governo federal.

Setores patronais do ramo de serviços querem manter benefícios obtidos agora para ajudar as empresas no momento pós-crise, que tende a ser muito ruim. É dada como certa a possibilidade de recessão se prolongar ao longo do ano. Daí porque a ideia é ampliar o afrouxamento das regras que regulam o mundo do trabalho. Seria como uma etapa 2.0 da reforma trabalhista imposta pelo governo Temer.

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