No dia em que completa 40 dias no cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta quinta-feira (9) aos Estados Unidos para dar mais um passo na reinserção do Brasil na geopolítica mundial. Um dos integrantes da comitiva, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), resumiu a missão: “É um novo momento para o Brasil. Estamos trabalhando para retomar o nosso protagonismo internacional e reconstruir relações estratégicas com outros países”.
Depois de quatro anos de isolamento, o governo brasileiro reabre os laços com o mundo. O movimento começou logo após o segundo turno das eleições, quando dezenas de estadistas cumprimentaram Lula pela vitória. Durante a transição de governo, o então presidente eleito foi recebido como se já estivesse empossado no cargo em viagens pelo mundo.
Agora, faz sua segunda viagem internacional, seguindo uma lógica continental. Primeiro, visitou há 20 dias a Argentina, o maior parceiro comercial da América do Sul, onde aproveitou para recolocar o país na Celac (Comunidade de Países Latinoamericanos e Caribenhos). Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do Brasil nas Américas e o segundo maior no mundo, atrás apenas da China.
Além disso, o governo Lula começou em meio a uma turbulência interna semelhante à que viveu o presidente estadunidense Joe Biden no início de 2021, após vencer as eleições do extremista de direita Donald Trump. O paralelo entre os ataques terroristas de 8 de janeiro no Brasil e a invasão do Capitólio (o Congresso norte-americano) em 6 de janeiro de 2021 é óbvio, e por isso a união dos dois países em defesa da democracia é carregada de simbolismo.
“O presidente Lula viaja hoje (9) aos Estados Unidos. Na pauta com o presidente Joe Biden, discussões sobre economia, clima e democracia. Desejo boa sorte ao presidente nessa importante viagem”, registrou a senadora Teresa Leitão (PT-PE).
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) destacou o retorno do país como um ator internacional. “Lula viaja aos Estados Unidos para ampla agenda econômica e social com Joe Biden. É bom demais saber que o Brasil voltou para o mundo”, afirmou.
Agenda ampla
A comitiva que acompanha Lula já indica o foco da visita. A economia é representada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) e pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, o segundo da pasta liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que substitui Lula até seu retorno ao Brasil, no sábado (11).
Além de segundo maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos são o principal destino das exportações de produtos industrializados brasileiros e detêm o maior volume de investimentos no país – US$ 123 bilhões. Em 2022, o total de trocas comerciais chegou a US$ 88,7 bilhões.
Integram ainda a comitiva as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Anielle Franco (Igualdade Racial), numa demonstração de que a visita pretende avançar sobre a agenda ambiental, metas climáticas e a eventual participação estadunidense no Fundo da Amazônia, somadas à defesa de direitos humanos e sociais, como o combate ao racismo, combate à fome, defesa de povos originários e integração dos dois milhões de brasileiros que vivem nos Estados Unidos.
A equipe se completa com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, embaixador Celso Amorim, que deverão acompanhar as conversas em defesa da paz mundial, especialmente sobre a posição de neutralidade do Brasil em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia e o desejo de uma solução negociada para o conflito que já dura quase um ano.
Dentro da defesa da democracia, um tema transversal em toda a agenda, o combate às fakenews deverá ganhar destaque, uma vez que ambos os países vem sendo vítimas há anos de uma indústria destinada a disseminar mentiras montada pela extrema-direita para ocupar espaços de poder.
A reunião entre Lula e Biden acontecerá na tarde desta sexta (10) na Casa Branca, com duração de duas horas e previsão de entrevista coletiva à imprensa na sequência.
Lula e comitiva terão ainda encontros com o senador Bernie Sanders e outros parlamentares do partido Democrata na Blair House, residência oficial onde o presidente dos Estados Unidos recebe e hospeda os convidados mais importantes, e reunião com representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais.
(Com Agência Brasil e Agência PT de Notícias)