Nos próximos 10 anos, setor energético receberá R$ 1 trilhão em investimentos

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, manterá até o dia 31 deste mês, em consulta pública, o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) para o período de 2012 a 2021 que prevê investimentos no setor energético de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos. Nesse período, o plano poderá receber ajustes sobre como o governo projeta o desempenho do setor – e a energia renovável, limpa, deverá crescer 5,1% a cada ano até representar 45% na matriz energética brasileira.

De acordo com o PDE, o aumento da participação das fontes renováveis na oferta de energia decorre do crescimento da produção de gás natural, cuja participação subirá dos atuais 11% para 15,5% em 2021. Isso vai ocorrer por causa do início da exploração e produção de petróleo em novos campos e também na camada do pré-sal. O primeiro leilão nessa área específica está previsto para o ano que vem. Quando se explora e produz petróleo, há a liberação de gás, que acaba sendo utilizado pelas usinas térmicas de energia.

Outra fonte renovável que deverá ter crescimento médio de 8,1% nos próximos anos vem dos derivados da cana-de-açúcar. As usinas de álcool produzem o etanol que é usado quando da adição à gasolina ou exclusivamente pelos veículos Flex, enquanto que o bagaço da cana é usado para alimentar as caldeiras que geram energia para o funcionamento dessas usinas. Como geralmente a energia gerada é superior ao gasto da usina, ela pode oferecer ao sistema elétrico o excedente da energia gerada.

O plano também prevê evolução consistente da capacidade de geração de energia pela força dos ventos (eólica). Projeta-se que a capacidade instalada nos próximos dez anos vai chegar aos 16 mil Megawatts (MW), enquanto que a energia da biomassa poderá gerar 13 mil MW. A Empresa de Pesquisa Energética desenvolveu o estudo do PDE adaptando o setor de energia às mudanças climáticas, projetando um crescimento da produção energética sem que os níveis de emissões de carbono cresçam também. A previsão é de estabilidade e maior participação da energia renovável na matriz energética. Em 2009, as fontes renováveis respondiam, no mundo, por apenas 13,3% da produção total de energia.

Consumo e Geração

Com a previsão de crescimento da economia em torno de 4% nos próximos anos, o PDE estima que nesse período o consumo de energia crescerá na base de 4,7% ao ano. A geração de energia, por sua vez, deverá experimentar um crescimento expressivo, de 56%, com a capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional chegando a 182,4 mil MW. Hoje está em 116,5 mil MW.

Essa expansão é resultado do acréscimo de mais 31,7 mil MW ao sistema interligado e essa contribuição vem da região Norte, já que nos próximos três anos entrará em operação a usina hidrelétrica de Belo Monte. Os 65.910 MW que serão incrementados ao parque gerador, 61% já foram contratados por meio dos leilões de energia realizados até o fim do ano passado.

Em relação às linhas de transmissão, em 2021 a expectativa é atingir uma extensão de 150,5 mil quilômetros, com acréscimo de 47,7 mil quilômetros. A maior expansão será a da rede que transporta energia de 500 kV (kilowatt), chegando a 61,7 mil quilômetros daqui a dez anos. O PDE prevê a implantação de 7,3 mil quilômetros de novas linhas de 800 kV – as primeiras nesse nível de tensão no País – para transmitir para a região Sudeste a energia gerada pela usina de Belo Monte.

Petróleo

O PDE projeta que a produção de petróleo chegará a 5,43 milhões de barris por dia em 2021, com uma demanda em torno de 2,89 milhões de barris por dia. O excedente será exportado. O aumento da produção nos próximos dez anos está relacionado à entrada em operação de 90 novas plataformas FPSO (navio), enquanto a capacidade de refino dará um expressivo salto dos atuais 2 milhões de barris por dia para 3,3 milhões por conta dos investimentos governamentais que estão sendo feitos na construção de quatro novas refinarias. A oferta total de gás, hoje em 47 milhões de metros cúbicos, deverá chegar a 112 milhões de metros cúbicos em 2021.

Marcello Antunes

Leia aqui o Plano Decenal de Expansão de Energia

 

 

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