Mercado de Trabalho

Nove em cada dez trabalhadores informais querem carteira assinada

Formalização é desejo de 87,7% dos trabalhadores sem carteira assinada, por conta própria e empregadores sem CNPJ, aponta pesquisa. Gabinete de Transição estuda medidas de proteção
Nove em cada dez trabalhadores informais querem carteira assinada

Foto: Agência Brasília

Quanto mais avança a precarização do trabalho sob Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes, mais os trabalhadores informais sentem falta da boa e velha carteirinha azul, cheia de carimbos e assinaturas. Hoje, nove entre dez deles desejam estabelecer uma relação de trabalho formalizada na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), com os direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

É o que aponta a Sondagem do Mercado de Trabalho, lançada nesta terça-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE). Entre agosto e outubro, foram entrevistadas duas mil pessoas em todo o país que não tinham registro (trabalhadores sem carteira assinada, por conta própria e empregadores sem CNPJ).

Nesse período, o número de trabalhadores precarizados chegava a 38,964 milhões. Patamar ligeiramente abaixo do pico registrado no trimestre anterior (39,3 milhões), conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A grande maioria das pessoas das três categorias (87,7%) afirmou que gostaria de ter uma ocupação formalizada. Apenas 12,3% preferiam o contrário. O desejo de formalização é maior entre os que recebem menos: 89,5% dos informais com renda mensal de até dois salários mínimos preferem migrar para um trabalho com carteira assinada ou CNPJ, ante 75,8% entre os que ganham mais de dois salários.

Entre os trabalhadores por conta própria, mais de 25% da população ocupada no país, 69,6% gostariam de ter algum vínculo formal, enquanto 30,4% prefeririam manter-se na situação atual. No grupo que gostaria de mudar, rendimentos fixos (33,1%) e benefícios oferecidos pelas companhias (31,4%) são os principais motivos. Entre os que não desejam mudar, o aspecto mais lembrado foi a flexibilidade de horário (14,3%).

“É mais gente trabalhando por necessidade do que por uma vontade própria”, constatou Rodolpho Tobler, responsável técnico pela pesquisa, durante a apresentação do levantamento. “As pessoas acabaram ficando muito tempo fora do mercado de trabalho, então acabou sendo uma porta de entrada para voltar a trabalhar.”

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