Nova fronteira

Novo projeto para o Brasil exige força e protagonismo da Região Amazônica

4ª Conferência da Amazônia, realizada em Rio Branco, capital do Acre, defendeu o papel estratégico da Amazônia

4º Fórum da Amazônia

Novo projeto para o Brasil exige força e protagonismo da Região Amazônica

Foto: Divulgação

“Um projeto de Brasil deve carregar em seu signo a força e a diversidade das raízes originárias dos povos brasileiros sob o manto amazônico”, definiram os conferencistas presentes na 4ª Conferência da Amazônia, realizada em Rio Branco, capital do Acre, no último dia 18 de maio.

Para os representantes da região, é preciso construir um novo projeto de País “onde a Amazônia assuma o protagonismo simbólico na criação de alternativas capazes de superar os desafios das crises mundiais”. Entre os pontos apontados estão a crise do modelo de desenvolvimento capitalista, a crise ambiental, a degradação dos solos e a escassez de água, a perda da biodiversidade e as crises humanitárias.

Os debates contaram com as participações do ex-prefeito e pré-candidato ao governo do Acre, Marcus Alexandre, da ex-governadora do Amapá, Dalva Figueiredo, e Altir Peruzzo, prefeito de Juína (MT), que trataram das experiências e desafios da gestão pública na Amazônia.

Também participaram do evento os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Paulo Rocha (PT-PA), o governador do estado Tião Viana, a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Marcus Alexandre apresentou aos presentes as experiências da gestão da cidade de Rio Branco e lembrou que é preciso trabalhar as necessidades das populações amazônicas respeitando toda a diversidade da região.

4º Fórum da Amazônia
Foto: Divulgação

Carta de Rio Branco

O Bem Viver Amazônico: um Novo Conceito de Desenvolvimento

A Seguridade dos Povos da Pan-Amazônia: A Nova Fronteira

Aos 30 anos da constituição federal e do assassinato de Chico Mendes nos encontramos em grave crise institucional deflagrada pelo golpe de Estado que destituiu a presidenta Dilma e levou à prisão do presidente Lula. Mas as suas ideias não foram encarceradas e nos inspiram nesta conferência.

As organizações sociais, centrais sindicais, partidos políticos de esquerda, mulheres e homens do campo, das cidades, das águas, das florestas, indígenas, negros e negras, trabalhadores e trabalhadoras, população LGBTs, reunidos na cidade de Rio Branco no Estado do Acre, na IV Conferência da Amazônia, afirmamos nosso compromisso com a retomada da democracia, com a liberdade do presidente Lula e com um modelo alternativo de superação da pobreza, fome e miséria que permita um novo momento na história dos povos da Amazônia e do Brasil.

Uma nova perspectiva de vida na Amazônia é necessária e fundamental para construir novas realidades políticas, econômicas, sociais e culturais a partir de uma transição das noções de “progresso” e a visão que o capitalismo possui do conceito de desenvolvimento, que são pautadas pela acumulação de bens e capital, pelo crescimento contínuo e pela exploração predatória dos recursos naturais.

4º Fórum da Amazônia
Foto: Divulgação

Propõe-se construir uma nova história, uma nova democracia, uma nova convivência entre os diferentes modos de ser no mundo, um novo sonho, pensado e sentido a partir do respeito aos povos originários, à diversidade, à natureza e à vida humana, o bem viver amazônico.

Romper com a cultura colonizadora e construir uma nova economia, sustentada nos princípios de solidariedade e reciprocidade, responsabilidade, representatividade, integralidade, inclusão e soberania.

Um sistema econômico sobre bases coletivas, nacional e justo que tenha como objetivo a qualidade de vida do povo brasileiro. Para isso, é preciso uma grande transformação, superando o capitalismo, seus aparatos produtivos e padrões de consumo. Há que se desmontar o modelo de economia que permite concentração de renda na mão de poucos e a pobreza na mão de muitos.

Entendemos que um projeto de Brasil deve carregar em seu signo a força e a diversidade das raízes originárias dos povos brasileiros sob o manto Amazônico. Um projeto de País onde a Amazônia assuma o protagonismo simbólico na criação de alternativas capazes de superar os desafios das crises mundiais, que se acumulam nas primeiras décadas do milênio, como a crise do modelo de desenvolvimento capitalista, a crise ambiental, a degradação dos solos e a escassez de água, a perda da biodiversidade e as crises humanitárias.

Um projeto contextualizado e sistêmico capaz de mobilizar o Brasil como um todo e não apenas parte dele, superando os modelos que concentram renda, riqueza, cidadania e acesso a serviços públicos. Essa seria uma mudança estrutural em direção a igualdade e a democratização do desenvolvimento nacional.

O bem viver amazônico como um espaço democrático que acolha a sociobiodiversidade brasileira como sujeitos políticos capazes de decidir de forma autônoma sobre seus territórios e os conflitos que neles se apresentam.

Queremos um projeto que assegure a reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica da Amazônia brasileira.

O principal ativo do país é a sociobiodiversidade brasileira. Deste modo, é imperativo promover uma transição da lógica do modelo capitalista, capital, força de trabalho e tecnologia, para o da produtividade ecológica dos territórios, pela cultura e pela convivência harmoniosa com a floresta. Valorizar a ecologia de saberes para aprender a conviver com a diversidade superando a dificuldade de diálogo entre o regional e o nacional.

Construir um pacto de desenvolvimento territorial que fortaleça a organização social e política da região e respeite o direito da população local de fazer as escolhas críticas determinantes do seu futuro e a busca de alternativas mais harmoniosas na utilização dos recursos naturais.

É chegada a hora do Brasil com a cara e a cultura de sua ancestralidade, um Brasil de sonhos, sem fome, sem ódio, sem genocídio, sem lgbtfobia, sem machismo, sem xenofobia, sem racismo. É hora de um Brasil do Bem viver, de um Brasil alicerçado na Aliança dos povos da Floresta e da pan-amazonia.

Lula Livre

Rio Branco – Acre, 19/05/2018

 

4º Fórum da Amazônia
Foto: Divulgação

 

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