Atualmente, 404 mil pessoas recebem esses medicamentos pelo SUS. Ministério da Saúde também lançou campanhas de prevenção às DST e aids para as festas popularesEm um ano, foi registrado aumento de 30% no número de pessoas que iniciaram o tratamento com antirretrovirais no Brasil. O crescimento foi observado após a implantação do Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e aids, lançado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2013. No período de um ano, o número de novos pacientes com acesso aos antirretrovirais passou de 57 mil para 74 mil. Atualmente, cerca de 404 mil pessoas usam esses medicamentos, ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os dados com o balanço do novo protocolo foram apresentados nesta quarta-feira (24) pela ministra interina da Saúde, Ana Paula Soter, com as campanhas das grandes festas populares que acontecem no segundo semestre do ano.
Apenas nos primeiros três meses de 2015, o Ministério da Saúde também registrou um crescimento de 46% no número de pessoas em tratamento com CD4 superior a 500 células por mm3 – que na recomendação anterior não tinham indicação de tratamento. A contagem de linfócitos T CD4+ é um dos indicadores que auxiliam na avaliação do estado imunológico do indivíduo. O acesso precoce ao tratamento não só melhora a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e aids, mas também reduz a transmissão do vírus.
Outro dado que demonstra o sucesso da nova estratégia de tratamento é a queda na proporção das pessoas que chegam aos serviços com diagnóstico tardio e o grave comprometimento imunológico. Esta proporção passou de 20%, em 2013, para 13% nos primeiros três meses de 2015.
A ampliação da testagem é outra das frentes da nova política de enfrentamento do HIV e aids no País. Em 2014, nos quatro primeiros meses, foram realizados 1,9 milhão de testes no país, sendo que, em 2015, no mesmo período, foram 2,1 milhões de testagem.
“É fundamental, nesse momento, olhar pra trás e reconhecer nossas conquistas. Esses dados de aumento de testagem e do número de novos tratamentos demonstram a importância da adoção do novo protocolo”, explicou a ministra interina, durante a coletiva de imprensa. Ana Paula ressaltou que o fato do novo protocolo possibilitar que as pessoas sejam tratadas de forma mais precoce irá contribuir para a redução da carga viral, baixando a probabilidade de transmissão na população.
Queda de óbitos
O incentivo ao diagnóstico e o combate ao tratamento tardio também refletiu na redução da mortalidade e a morbidade do HIV. Desde 2003, houve um queda de 15,6% na mortalidade dos pacientes com aids no País. A taxa caiu de 6,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2003 para 5,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2014.
Esses dados apontam para a efetividade da adoção da política de combate ao HIV e aids no País, que este ano comemora 30 anos de história. A portaria 236/95, que estabeleceu as primeiras diretrizes para um programa amplo de controle da doença em todo o território nacional, foi publicada em maio de 1985.
Todas essas medidas demonstram também a disposição do País de alcançar o cumprimento da meta 90-90-90 (90% de pessoas testadas, 90% tratadas e 90% com carga viral indetectável) até 2020. A meta foi estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS). Vale ressaltar que atualmente o País já se encontra em estágio avançado para o alcance dessas metas.
Com relação à testagem, faltam apenas 11% para o alcance da meta Com relação às duas outras metas, faltam 30% para alcance do tratamento e 35% para meta de carga viral indetectável. Além disso, das pessoas atualmente em tratamento, 88% estão com supressão da carga viral, ou seja, não apresentam mais o vírus na corrente sanguínea, o que contribui para diminuir a sua circulação.
O Brasil tem adotado, ao longo dos anos, e principalmente nos últimos dois anos uma série de medidas de ampliação da testagem de HIV em populações-chave a facilitação do acesso de medicamentos, com a incorporação de novas formulações mais fáceis de serem utilizadas pelas pessoas vivendo com HIV e aids.
Como resultado deste cenário, uma das mais importantes publicações científicas da área médica, a revista britânica The Lancet divulgou, em julho de 2014, estudo mostrando que o tratamento para aids no Brasil é mais eficiente que a média global. Segundo o estudo, as mortes em decorrência do vírus HIV no país caíram a uma taxa anual de 2,3% entre 2000 e 2013, enquanto a média global apresenta uma queda de 1,5% ao ano.
Campanhas estão voltadas às festas do segundo semestre
Além das festas juninas, também serão realizadas campanhas em outros festas como a do peão de Barretos/SP e a Oktoberfest, que terão, pela primeira vez, uma campanha de prevenção às DST e aids. A iniciativa é uma continuidade das ações de prevenção lançadas no 1º de dezembro do ano passado e que prosseguiram no carnaval deste ano.
O diretor do Departamento de DST/aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, lembrou a importância da campanha publicitária. “Pela primeira vez, temos um campanha de prevenção ao HIV e aids que se estende ao longo de todo o ano, abarcando grande parte das festas populares brasileiras”, ressaltou o diretor. Ele lembrou que a campanha iniciou em 1º de dezembro do ano passado e estará em todas as regiões do País, contemplando desde as festas juninas do Nordeste, até a Octoberfest no sul do País e o Festival de Parintins no Amazonas.
O objetivo é informar e alertar a população, especialmente os jovens, para as medidas de prevenção, como o uso camisinha, a realização do teste de HIV e início do tratamento, em caso de soropositividade. A campanha, focada nas festas populares nordestinas de São João, já está em andamento nas cidades do Campina Grande e João Pessoa (PB); Caruaru e Recife (PE) e em Salvador, com veiculação de filme na Televisão durante este mês e utilização de redes sociais de compartilhamento dos conteúdos, no mesmo período.
As peças publicitárias para rádio, TV, anúncio de revista, e de mobiliário urbano (ponto de ônibus, relógio digital, anúncios em estações de metrô) reforçam o conceito “camisinha + teste + medicamento” de prevenção combinada. Além da veiculação na TV no mês de junho, a campanha das Festas Juninas tem seu conteúdo compartilhado nas redes sociais. Para esta etapa, foram disponibilizados 85 mil folders explicativos da prevenção, combinado com materiais para abrigos de ônibus e placas de rua. Os materiais usam a gíria “#partiu teste”, linguagem típica da faixa etária dos jovens, prioritária para a campanha.
Também está em andamento a campanha do Festival Folclórico de Parintins, realizado entre os dias 26 e 28 de junho, no Amazonas. A campanha que segue o mesmo conceito prevê, além da veiculação na TV, spot de rádio, cartaz, painel eletrônico, revista, internet e porta-camisinhas.
Nas cidades com maior concentração de Festas Juninas (Campina Grande, Salvador, João Pessoa, Caruaru e Recife) está sendo feito um reforço das estratégias de comunicação. Foram instalados 20 displays para a retirada de camisinhas e peças específicas para distribuição nas ruas, como infláveis com mensagens de prevenção. Os equipamentos estão instalados nos banheiros femininos e masculinos dos aeroportos de Recife e Campina Grande e também na rodoviária da dessa cidade. Para esta etapa da campanha, foram distribuídos 160 mil preservativos.
Portal Brasil com informações do Ministério da Saúde