O descontrole da inflação brasileira que atinge níveis intoleráveis e está agravando a vida da população levou senadores do PT a apontarem o dedo para a falha da política econômica do governo Bolsonaro. “Tá tudo caro? A culpa é do Bolsonaro e o povo sabe disso”, critica o senador Humberto Costa (PT-PE). Segundo levantamento do Datafolha, 75% dos brasileiros responsabilizam o governo pela alta da inflação.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também reforçou a responsabilidade direta do presidente da República pela explosão dos preços — das tarifas de combustíveis aos alimentos. “A maioria do povo sabe que o Bolsonaro é o grande responsável pela disparada dos preços e pelo aumento do custo de vida”, advertiu. “Chega de Bolsocaro”.
Nesta segunda-feira, 28, pesquisa divulgada pela Datafolha mostra que 75% dos brasileiros responsabilizam governo Bolsonaro por alta da inflação. O descontentamento é geral e explicitado até por quem apoia o presidente da República. A perspectiva da maioria das pessoas é sombria em relação à economia, com perspectiva de piora nas expectativas de inflação, desemprego e poder de compra.
E nem o próprio governo acha que é possível domar a inflação em 2022. O Banco Central admite que não vai cumprir a meta de controle da inflação pelo segundo ano consecutivo. A perspectiva da inflação para este ano é superior a 6%. Mas a meta estabelecida pelo BC é de 3,5%. Ou seja, a guerra contra os preços está perdida neste ano eleitoral.
O senador Rogério Carvalho denuncia que, mesmo com crise econômica e social, o preço dos remédios continua a ser reajustado. “Nenhuma medida para aliviar o orçamento das famílias foi programada pelo desgoverno Bolsonaro. É lamentável”, ressalta.
No domingo, 27, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil precisa discutir por que cresce menos após reformas. “A pergunta de US$ 1 milhão é o que o Brasil precisa fazer para ter um crescimento estrutural de longo prazo”, afirmou durante participação no programa Canal Livre, da BandNews.
Ele lembrou que há cerca uma década, pesquisas do BC, com base em análises de economistas do mercado, apontavam que o crescimento do Brasil a longo prazo oscilavam entre uma média de 2% e 2,5% ao ano, uma taxa baixa para um país emergente com o Brasil.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que o problema central da política econômica do governo Bolsonaro é atender às exigências do mercado, enquanto a maioria da população vive um ciclo de pobreza e aumento da desigualdade. A aprovação da reforma da Previdência, há dois anos, só aumentou a desigualdade no país. “Se não colocar o povo no centro da política econômica, continuaremos nesse impasse”, criticou o parlamentar.
O próprio Campos Neto disse que não tinha respostas para o problema do baixo crescimento da economia nos últimos anos, mesmo diante da mudança da política econômica e fiscal depois da derrubada da presidenta Dilma Rousseff, com o impeachment fraudulento em 2016. “Quando enumeravam as razões apontadas para o baixo crescimento, lá em 2014, vinha que precisávamos de reforma da Previdência, tributária, trabalhista, uma lei de eficiência econômica, outra para o mercado de gás, precisávamos de infraestrutura”, lembrou.
“Se eu fizer uma lista de 20 itens de que precisávamos e for ver o que foi feito, temos que boa parte da lista foi endereçada. A projeção tinha que melhorar, subir, mas caiu”, disse o presidente do BC. “Eu não tenho uma resposta, mas essa é uma área que a gente precisa trabalhar bastante”, afirmou.