Nossa jovem democracia agoniza. Vítima de um golpe midiático parlamentar, recebe o tiro de misericórdia de quem mais devia defendê-la: o Poder Judiciário. Este, representado pelo TRF4, desconsidera totalmente o pacto estabelecido na Constituição de 1988 pela redemocratização do País: garantia de eleições livres e democráticas e respeito ao voto soberano. É isso! O voto, em uma democracia de baixa intensidade como a nossa, é considerado o instrumento máximo da soberania popular. E, agora, até ele querem restringir.
Iniciaram o rompimento do pacto, desprezando o voto, quando tiraram a presidenta Dilma Roussef. Agora, querem concretizar o golpe, impedindo o povo de votar livremente. Querem tirar da disputa aquele que tem o maior apoio popular da nossa história recente: Luiz Inácio Lula da Silva. A condenação de Lula está envergonhando internacionalmente o País, jurídica e politicamente, ao
se efetuar sem prova, sem crime e tentando negar ao povo o direito de escolher quem melhor lhe represente no comando do Brasil.
Lula tem sido vítima de um processo desqualificado, inflado pela grande mídia, capitaneado pela Rede Globo. É perseguido, julgado e condenado pelo que fez e representa ao Brasil: os avanços econômicos e sociais para a grande maioria da população. A classe dominante brasileira não aceita, nunca aceitou a continuidade de um governo progressista e popular.
Lula representa o mais forte obstáculo ao projeto entreguista em curso. Com mais de 40% das intenções de voto para a Presidência da República e sem a existência de adversário à altura, ele sinaliza um basta nesse regime de exceção, a reconstituição do estado democrático de direito e avanços concretos na inclusão social e na participação popular. Por isso, Lula é tão perigoso e ofensivo às elites brasileiras. Elas se sentem ameaçadas por sua liderança.
A imprensa internacional, diferente dos editoriais da grande mídia brasileira, tem essa leitura pelo simples exercício do jornalismo. Fez as perguntas que competem aos veículos de comunicação e de informação da sociedade fazer e publicou as respostas que os leitores brasileiros só conheceram por meio do compartilhamento nas redes sociais. Esse bloqueio midiático e interesseiro prestará contas à história e às próximas gerações de brasileiras e brasileiros.
A perseguição ao Lula pode encontrar guarida nas instituições imersas até o pescoço no conchavo golpista, mas não impedirá a militância e a direção do Partido dos Trabalhadores, nem as forças progressistas, conscientes e de esquerda da sociedade, de empunharem a defesa de sua candidatura. Lula é o nosso candidato, nos representa e personifica hoje a esperança do povo brasileiro. Isso poder nenhum lhe tira.
A tentativa de enfraquecer a candidatura de Lula só interessa aos que não querem um Brasil democrático e soberano. Ela não está definida com essa decisão do TRF4. Ela se define no âmbito da Justiça Eleitoral, a partir de 15 de agosto. Até lá, ‘muita água vai rolar’. Atuaremos em todas as trincheiras, dos recursos jurídicos à luta política. Lula representa a luta e a resistência do povo brasileiro. É candidato de parcela expressiva da população. Cabe a nós, do PT e das forças progressistas e populares da sociedade, protegê-lo e defendê-lo!
Essa defesa já ganhou as ruas e só vai aumentar com os embates que se apresentam no horizonte das decisões da política e da economia no País. Vamos intensificar a luta e a organização popular contra essa Reforma da Previdência, com tramitação acelerada marcada para a volta das sessões no Congresso Nacional após o recesso parlamentar, e para revogar os estragos e as retiradas de direitos do golpe, que prejudica o povo brasileiro. Lutar por Lula é lutar contra todos os retrocessos que estamos vivendo. Defender nossa esperança e o poder soberano da vontade popular.
*Gleisi Hoffmann é senadora e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).
Texto originalmente publicado no Blog Esmael Moraes, no dia 29 de janeiro de 2018.