Fátima: “A luta está apenas começando”Quem garante é a senadora Fátima Bezerra (PT-RN): não haverá um minuto de descanso para os que querem violentar a Constituição e destruir a democracia que exigiu luta e perdas de vidas de toda uma geração de brasileiros. Foi o que ela reiterou na tarde desta quinta-feira (05), na comissão do impeachment, durante os debates que se seguiram à exposição do advogado de defesa da presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo. “A luta está apenas começando”, exortou Fátima.
Antes mesmo que esses debates começassem, a senadora apresentou uma questão de ordem juntamente com a senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM), questionando o relatório de Antônio Anastasia (PSDB-MG). Ambas pediram a nulidade do processo com base em “grave e insanável” defeito, ou seja, ter sido aceito e coordenado na Câmara pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dono de umas das fichas corridas mais extensas da história do Congresso. O questionamento tinha relação direta com os motivos que levaram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a acelerar a tramitação do processo de impeachment.
“Cunha agiu movido por vingança pessoal”, acusou Fátima, lembrando que o processo de impeachment contra Dilma só foi aceito pela Câmara depois que o PT declarou apoio à abertura do processo da cassação do mandato do próprio Eduardo Cunha no Conselho de Ética. Cunha, segundo a própria Procuradoria Geral da República (PGR), transformou a presidência da Câmara em “balcão de negócios”.
Apesar da veemência dos protestos, o presidente da Comissão Especial do Impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), negou o acolhimento da questão de ordem, alegando que o tema havia se esgotado em sessões anteriores da comissão.
Fátima voltou à carga na fase de debates. Disse que o parecer de Anastasia não esclarecia, em momento algum, qual é o crime de responsabilidade de que Dilma é acusada. “O que está em curso aqui é um golpe contra a soberania popular”, denunciou. A senadora lembrou que não há qualquer problema com um processo para afastar um presidente da República e que este dispositivo consta do ordenamento jurídico brasileiro, “desde que haja crime de responsabilidade”, ressalvou.
“Sem crime, o que temos é golpe”, repetiu. Para ela, o golpe em curso tem “o objetivo oculto de construir uma ponte para o passado, o fim das conquistas sociais e beneficiar as grandes empresas multinacionais”.
Giselle Chassot
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