A tentativa dos Estados Unidos em se apropriarem da Amazônia, bem como a resistência soberana dos brasileiros, não é de hoje, como conta a história. Já em 1849, representantes norte-americanos defendiam a tese que a Bacia Amazônica era uma projeção natural do Sul dos EUA. E, mais do que isso, que deveria ser ocupada para assentar, à época, parte de sua população negra. A tese é de autoria do tenente Matthew Fontaine Maury, Superintendente dos Serviços Hidrográficos da Marinha dos EUA e também astrônomo do Observatório de Washington.
Ao retornar de uma expedição amazônica, o tenente Maury passou a defender que cabia aos Estados Unidos “revolucionar, republicanizar e anglosaxonizar” a região, tratada por eles como “aquele vale”. Como resultado, segundo ele, seria constituída a República Amazônica, uma extensão dos Estados Unidos. Havia, ainda, o interesse imediato de liberar a região para a navegação internacional. A tese de Maury acaba se transformando em política de governo, resultando na nomeação de Willian Trousdale, em 1853, como embaixador no Brasil. O embaixador tratou de colocar em prática a exigência feita ao Brasil de “assegurar aos cidadãos dos Estados Unidos o livre uso do rio Amazonas”.
A política de abrir a navegação do rio Amazonas, que levaria o Brasil a desistir do território nacional, encontrou forte resistência de vários setores e autoridades brasileiras, que reagiram à medida. Paulino José Soares de Sousa, o Visconde do Uruguai, na condição de Conselheiro de Estado, apresenta parecer contrário, mostrando que a proposta atendia aos interesses das potências estrangeiras. Estimulado por Paulino, Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, cria a primeira linha – nacional – de navegação do rio Amazonas, que entra em operação em 1853. Na Semana da Pátria, e do Dia da Amazônias (5), ainda vale a lembrança sobre a Hiléia Amazônica, nos anos cinquenta, e a mais recente ação de implantação de bases militares na região.
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