O relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira pede que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigue o comportamento do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel. Ao final da sessão desta quarta-feira (21/11), onde apresentou seu parecer, o relator, Odair Cunha (PT-MG), disse aos jornalistas que é importante que seja esclarecido por que Gurgel não tomou qualquer providência em relação às denúncias apuradas pela Operações Vegas e Monte Carlo.
“O que ele (o procurador) chamou de “ação controlada, na verdade foi uma inação”, afirmou o relator, sobre as explicações, enviadas por escrito, por Gurgel à CPMI. Cunha fez questão de deixar claro que não pede o indiciamento do PGR e,sim, uma investigação sobre sua conduta como procurador-geral da República. “Queremos apenas que se apure a conduta dele, mas se ele mostrar que fez alguma coisa a respeito da denúncia e esclarecer as dúvidas da CPMI, não há problemas”, concluiu.
No início dos trabalhos da CPMI, um documento com seis perguntas foi remetido ao Procurador Geral da República, por meio do qual os parlamentares da CPMI encaminharam três perguntas sobre cada uma das operações. O objetivo era o de saber em que circunstâncias os inquéritos foram entregues, em que data e quais providências foram tomadas à época em que as informações chegaram à Procuradoria Geral da República.
Na ocasião, Gurgel foi à mídia para atacar os trabalhos da CPMI, com o argumento de que, na verdade, ele estava sendo atacado com a finalidade de desviar a atenção da opinião pública do chamado “mensalão”. A verdade, porém, é que o procurador reteve os documentos e as provas colhidas pelo inquérito da Operação Vegas. Em mais de uma gravação o procurador é mencionado como integrante da articulação que agia a favor do contraventos Carlinhos Cachoeira, da qual faziam parte ainda vários jornalistas e o ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), responsável pelos contatos da quadrilha com o procurador.
Ainda na época, o procurador somou à declaração de perseguição a de que o fato dele ter retido os documentos – inviabilizando o desenvolvimento do processo penal – novas descobertas sobre a quadrilha haviam sido feitas, entre elas a que compromete irremediavelmente o ex-senador.
Além de Roberto Gurgel, também é citada sua esposa, a subprocuradora da República, Cláudia Sampaio, que foi responsabilizada por delegados da Polícia Federal por ter engavetado indícios de irregularidade nos negócios de Cachoeira.
Giselle Chassot
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