OIT: políticas sociais garantiram emprego e queda da desigualdade nos países em desenvolvimento
Relatório da OIT ressalta crescimento de 16% |
Enquanto a economia global se mantém em ritmo lento de recuperação para sair da crise financeira que atingiu especialmente os países europeus, a maioria dos países chamados emergentes ou em desenvolvimento registra bons níveis de emprego e redução das desigualdades de renda em comparação com os países de alta renda.
Em resumo, o contexto econômico mundial e seu impacto sobre o mercado de trabalho têm registrado evolução positiva nos países em desenvolvimento como o Brasil. Os dados são do relatório “O Mundo do Trabalho 2013: Reparando o Tecido Econômico e Social”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado nesta segunda-feira (3).
Sobre o Brasil, um dos destaques da organização no relatório foi o crescimento de 16% da classe média entre 1999 e 2010. Segundo a OIT, isso ocorreu devido ao fortalecimento do salário mínimo e do Programa Bolsa Família. Essas duas políticas, para a organização, explicam a redução da pobreza no país e o fortalecimento da economia nacional. Como desafios, a OIT citou a redução dos postos informais de trabalho, o aumento da produtividade, o aumento dos investimentos e o crescimento dos salários acima da inflação.
“Nos países em desenvolvimento, o desafio mais importante é consolidar os recentes progressos na redução da pobreza e da desigualdade”, informou, em nota, o coordenador do relatório, o diretor do Instituto Internacional de Estudos de Trabalho da OIT, Raymond Torres. O relatório mostra como o investimento produtivo, os salários mínimos e a proteção social têm contribuído para este esforço em países como Brasil, Costa Rica, Índia, Indonésia, Turquia e Vietnã.
Países desenvolvidos
Os países desenvolvidos, por outro lado, estão em uma situação que pode se tornar “preocupante”. De acordo com o documento, na América Latina e no Caribe, registrou-se em 2012 taxa de emprego, em média, 1% superior à de 2008, ano anterior à crise. Na região, essa taxa atingiu 57,1% ao fim de 2012.
As desigualdades de renda aumentaram nas economias avançadas ao longo dos últimos dois anos, em um contexto de aumento do desemprego mundial – que se prevê que aumentará dos atuais 200 milhões desempregados para quase 208 milhões até 2015. O cenário negativo acentuou em 2010 e 2011 em 14 das 26 economias avançadas pesquisadas, incluindo a França, Dinamarca, Espanha e Estados Unidos. Os níveis de desigualdade em sete dos restantes 12 países foram ainda maiores do que antes do início da crise.
As desigualdades econômicas também estão aumentando, e as pequenas empresas ficaram para trás em relação às maiores, em termos de lucros e investimentos produtivos. Enquanto a maioria das grandes empresas já recuperou o acesso aos mercados de capitais, pequenas empresas são desproporcionalmente afetadas pelas condições de crédito bancário. Este é um problema para a recuperação imediata de trabalho e afeta as perspectivas econômicas em longo prazo.
Grupos de renda média estão encolhendo
O relatório mostra que os grupos de renda média em muitas economias avançadas estão encolhendo, e isto é causado em parte, pelo desemprego de longa duração, enfraquecendo a qualidade do trabalho e com os trabalhadores abandonando o mercado de trabalho por completo.
Por outro lado, o relatório fornece evidências de que a remuneração de diretores executivos em muitos desses países, mais uma vez subiu, após uma curta pausa no rescaldo da crise global.
Na Espanha, o tamanho do grupo de renda média caiu de 50 por cento em 2007, para 46 por cento até o final de 2010. Nos Estados Unidos, os sete por cento mais ricos da população tiveram aumento de seu patrimônio líquido durante os dois primeiros anos da recuperação de 56 por cento em 2009 para 63 por cento em 2011. Os restantes 93 por cento dos norte-americanos viram seu patrimônio declinar.
O tamanho do grupo de renda média em países em desenvolvimento e emergentes aumentou de 263 milhões em 1999 para 694 milhões de 2010. Esta é uma grande conquista de um número crescente de países da América Latina e, mais recentemente, se espalhou para alguns países da África e na região árabe.
No entanto, um “grupo flutuante” de vulneráveis – aqueles que estão acima do nível de pobreza – passou de 1,117 milhões em 1999 para 1,925 milhões em 2010, principalmente em economias de baixa e baixa e média renda. Este grupo vulnerável é quase três vezes o tamanho do grupo de renda média.
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