O secretário geral da Organização Internacional do Trabalho, Juan Somavía, criticou os países mais desenvolvidos por “não verem as experiências” de outros Estados que aplicaram “políticas sociais mais intensas, que, com a crise, aumentaram a proteção social e regeneraram o emprego mais rapidamente”. Para ele, a América Latina está em condições de “ter uma voz autônoma” frente aos organismos internacionais.
“O mundo emergente saiu mais rápido da crise que o mundo desenvolvido. Isso é uma novidade”, destacou Somavía, em entrevista ao jornal argentino Página 12. Ele criticou os países mais ricos por “não conseguirem encontrar o caminho” para sair da crise econômica e avaliou que isso os levará a maiores taxas de desemprego.
O dirigente da OIT aseguró: “Vamos demonstrar que, na América Latina, podemos adotar uma visão economicamente produtiva, com perspectivas de um crescimento sustentável, amparado na proteção social e maior geração de empregos e de mais equilíbrio”.
Somavía acredita que “estão dadas as condições para que a região tenha uma voz autônoma. “O problema da Europa é que não estão encontrando o equilíbrio. “Estão mais preocupados em dar garantias aos mercados financeiros, mas esquecem que é a confiança dos cidadãos que expressa a verdadeira estabilidade de uma sociedade”.
Ele lembrou as experiências da América Latina ,nos Anos 80, e da Ásia, nos Anos 90, que aplicaram o receituário do mercado com resultados nefastos. Para ele, a lição permite que, hoje, esses países possam declinar de novo socorro do FMI, para assegurar sua “liberdade de ação para aplicar as políticas que consideram mais convenientes”.
O secretário-geral da OIT recomenda aos governos europeus que “olhem para as experiências latino-americanas e asiáticas e percebam que aí está a saída”.
Fonte: Página 12