Preocupado com o crescente índice de violência no campo, o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), cobrou, nesta quarta-feira (3), que o governo do presidente não eleito Michel Temer (PMDB) deixe de ser omisso e comece a resolver, principalmente, os problemas de demarcação e regularização de terras, para que as matanças contra índios e trabalhadores rurais acabem imediatamente.
De acordo com o senador, o total silêncio do Palácio do Planalto diante de chacinas como a de Colniza (MT) demonstra que o governo atua como se fosse cúmplice dos homicídios, sem querer fustigar interesses de ruralistas e latifundiários envolvidos no patrocínio dessa matança de trabalhadores.
“O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), o mesmo que foi pego pela Polícia Federal chamando um líder de uma organização criminosa de grande chefe, é absolutamente inerte em relação a todos esses conflitos. Mas parece, aliás, um líder de torcida da bancada ruralista da qual ele é representante”, detonou Humberto.
O parlamentar também criticou o descaso do governo em relação à situação da Fundação Nacional do Índio (Funai), que está passando, segundo ele, pelo maior desmonte da sua história. Humberto lembrou que mais de 340 cargos já foram cortados e houve 40% de redução orçamentária, em uma estrutura que já era insuficiente para zelar pelos interesses dos 250 povos originários que ainda restam sobre essas terras.
“É fundamental que nós denunciemos a conivência criminosa de Michel Temer e do seu governo com todo esse aumento da violência no campo e contra os povos originários porque é ele o verdadeiro indutor dessa matança. Os números da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram isso”, atestou.
Em seu último relatório anual sobre o tema, a CPT concluiu que todos os tipos de conflitos e todas as formas de violência no campo aumentaram no ano passado em relação a 2015. De acordo com a entidade, são os maiores números dos últimos 10 anos, sendo que os de terra especificamente são os maiores já registrados em 32 anos de documentação.
Somente os assassinatos tiveram a subida de 22%, maior número desde 2003, e as agressões alcançaram o maior índice de aumento, com 206%. A Comissão Pastoral da Terra mostrou ainda que, em 2016, mais de 60 trabalhadores tombaram vítimas de homicídios em conflitos agrários.
“E nem podemos chamar isso de conflitos, porque os trabalhadores sequer entram em confronto com os seus algozes. Na maioria das vezes, são mortos covardemente sem qualquer possibilidade de defesa”, lamentou Humberto.