OMS: Mais de 1/3 das mulheres do mundo é vítima de violência

Dados sobre agressões física ou sexual foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde.

Mais de um terço de todas as mulheres do mundo são vítimas de violência física ou sexual, o que representa um problema de saúde global com proporções epidêmicas, disse um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado nesta quinta-feira (20).

A grande maioria das mulheres sofre agressões e abusos de seus maridos ou namorados, e sofrem problemas de saúde comuns que incluem ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças mentais, diz o relatório.

“Esta é uma realidade cotidiana para muitas, muitas mulheres”, disse Charlotte Watts, especialista em política de saúde na Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres e um dos autores do relatório.

O relatório concluiu que quase dois quintos (38%) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus parceiros e que agressão por maridos ou namorado é o tipo mais comum de violência sofrida pelas mulheres. Os dados também revelam que a violência contra as mulheres é uma das causas para uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, à depressão e transtornos de saúde mental. Elas também são duas vezes mais propensas a abortar um filho indesejado.

Brasil: proposta para garantir atendimento emergencial
No Brasil, a proposta que pretende garantir atendimento emergencial, obrigatório e integral para pessoas que tenham sofrido qualquer tipo de violência sexual avança. Nessa quarta-feira (19), a Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou a proposta que determina que os hospitais ofereçam atendimento urgente às vítimas de violência sexual.

A relatora do projeto (PLC 03/13), a petista Ângela Portela (RR) defendeu a proposta, que foi aprovada e segue agora para o Plenário. Como veio da Câmara, se o projeto for aprovado em plenário, segue diretamente para sanção da presidenta Dilma Rousseff.

Ângela explicou que os dados já obtidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Violência contra a Mulher no Brasil demonstram a relevância da proposta. “Os resultados preliminares das investigações da comissão tornam claros o acerto e mesmo a urgência de medidas que previnam e combatam condutas criminosas que, infelizmente, são ainda muito frequentes”, justificou.

Doenças sexualmente transmissíveis
O relatório da OMS também revela que as mulheres que sofrem violência de seus parceiros são 1,5 vezes mais propensas a doenças transmitidas pelo contato sexual, como sífilis, clamídia ou gonorréia. E, em algumas regiões, incluindo a África subsaariana, têm 1,5 vezes mais probabilidade de serem infectadas pelo HIV, diz o relatório.

A OMS está emitindo orientações para os profissionais de saúde sobre como ajudar as mulheres que sofrem violência doméstica ou sexual. Eles salientam a importância em treinar os profissionais de saúde para reconhecer quando as mulheres podem estar em risco de ser agredida pelo parceiro e saber como agir.

Brasil: atendimento emergencial obrigatório independentemente do gênero
A proposta brasileira para acolhimento e atendimento às vítimas da violência sexual têm um componente a mais: o texto deixa claro que não são apenas as mulheres as vítimas desse tipo de agressão, e por isso o texto fala em assistência às vítimas – sem excluir crianças, jovens e idosos, do sexo masculino, bem como contra transexuais, travestis e homossexuais de qualquer sexo. “O projeto trata de não fazer distinção de gênero entre as vítimas. Só podemos louvar esse posicionamento”, disse Ângela Portela em seu relatório.

De acordo com o projeto, os municípios deverão manter pelo menos um hospital de referência para atendimento emergencial, integral e multidisciplinar a vítimas de violência sexual, oferecendo, num mesmo local, tratamento médico e psicológico, atendimento profilático, facilitação do registro policial da ocorrência e coleta de material para identificação do agressor.

Giselle Chassot, com informações da OMS e das agências de notícias

Conheça o PLC 03/2013

 

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