Graças à eficaz estratégia de sabotagem ao combate à pandemia de Covid-19 adotada por Jair Bolsonaro desde o surgimento do surto, há um ano, o Brasil amarga mais de 246,5 mil vidas perdidas e 10,1 milhões de infecções. O quadro é desolador: há 32 dias, o país registra mais de mil óbitos diários em média. Para fazer frente ao genocídio promovido pelo governo, a ONG Repórteres Sem Fronteiras lançou, nesta segunda-feira (22), a campanha “A Verdade Nua”, um manifesto contra a desinformação bolsonarista.
O nome é uma referência à iniciativa da agência BETC Paris e aponta a “importância crucial do jornalismo para garantir o acesso a informações confiáveis sobre a pandemia”. Segundo a ONG, Bolsonaro prejudica como pode os esforços das autoridades de saúde para proteger a população e conter a disseminação do vírus, acentuando o agravamento da crise.
“Enquanto a covid-19 provoca estragos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contribui para aumentar o número de mentiras em circulação e segue atacando a imprensa – numa tentativa de esconder sua incapacidade de administrar a crise sanitária”, argumenta o Repórteres Sem Fronteiras, em comunicado de divulgação da campanha.
Conta da irresponsabilidade
“Ou reage-se esta semana ou teremos um março aterrorizador”, adverte o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP). “A conta da irresponsabilidade de Bolsonaro e seu general da Saúde ao desprezar vacinas, e do vacilo da maioria do Congresso, chegou”, observa o deputado.
Padilha lembra da necessidade da adoção urgente de medidas para frear o avanço da doença, como o fechamento total de atividades não essenciais imposto pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Ele foi responsável por um dos menores índices de contaminação e mortes por Covid-19 no estado de São Paulo na primeira fase do surto.
“Araraquara endureceu o lockdown para conter o avanço da pandemia na região”, observou Padilha. “Edinho Silva está fazendo um ótimo trabalho, um exemplo de liderança nesse momento terrível que vivemos no estado”.
Desinformação mortal
O secretário-geral da ONU Antonio Guterres voltou a criticar governantes negacionistas que utilizam de sua posição de liderança para confundir a população com informações falsas sobre a Covid-19.
“O acesso à informação que salva vidas foi ocultado – enquanto que a desinformação mortal foi amplificada – inclusive por aqueles no poder”, afirmou Guterres, sem citar Bolsonaro diretamente, durante reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, nesta segunda. Segundo o colunista do ‘ UOL’, Jamil Chade, no entanto, “diplomatas admitiram que a situação no Brasil era uma das referências preocupantes”.