O presidente ilegítimo Michel Temer inaugurou, na última segunda-feira (30) – como se fosse um projeto pensado e executado por ele – mais uma estação de bombeamento do eixo leste do projeto de transposição do Rio São Francisco na cidade de Floresta, em Pernambuco. A proposta de levar água do Velho Chico para o semiárido nordestino, criticada por décadas pela oposição, agora é motivo de orgulho para os golpistas. Haja vista a selfie do senador licenciado Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) com Temer e o rio ao fundo que circulou nas redes sociais no início da semana.
A convivência de 12 milhões de nordestinos com a seca, que nunca interessou a políticos conservadores, passou a ser bandeira de campanha para as eleições de 2018. O mesmo Michel Temer que cortou recursos para as obras quando era presidente interino, agora, da cadeira da presidência, diz sonhar em ser “o maior presidente nordestino que passou pelo Brasil” e fatura com a inauguração de estações de bombeamento. A obra, que a presidenta Dilma deixou 80% concluída, só ficará pronta, porém, em 2018. Coincidentemente, quando começa oficialmente a corrida eleitoral para o Palácio do Planalto.
Quando oposição, os golpistas se notabilizaram por críticas ao projeto de transposição, que foi tirado do papel pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e avançou durante a gestão da presidenta Dilma Rousseff. “Dilma jamais deixou faltar recursos para as obras. Todos os meses, o Ministério da Integração Nacional liberava recursos”, lembra o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que foi relator da comissão que fiscaliza o projeto de Transposição no Senado. Para ele, o governo Temer deliberadamente adia a conclusão da obra para garantir dividendos eleitorais.
“A transposição foi iniciada por Lula para que a seca, que sempre castigou o Nordeste, não fosse mais um problema com o qual se conviver. E o que Temer faz? Adia o projeto, que já está quase pronto, no período da pior seca dos últimos 50 anos. É clara a intenção do governo peemedebista de trazer de volta a imagem do Nordeste de fome, miséria e transformá-lo em seu curral eleitoral”, disse.
O sonho de usar as águas do São Francisco para melhorar a convivência com a seca começou durante o Segundo Império. Dom Pedro II tornou célebre a declaração: “venda-se o último brilhante da Coroa, contanto que nenhum brasileiro morra de fome”. Não deu tempo. Foi deposto pela República que, aparentemente, esqueceu-se do assunto.
O tema foi retomado como compromisso por Lula, que prometeu tocar a obra logo em seu primeiro discurso como presidente. A construção começou em 2007. O projeto tem extensão total de 469 quilômetros e atenderá à população do semiárido nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.