O que Jair Bolsonaro diz, não se escreve. Suas falácias se dissolvem como poeira ao vento quando confrontadas com a realidade. Enquanto jura em seus programas eleitorais que vai combater a fome, ele praticamente extingue as políticas públicas que levaram o Brasil a sair do Mapa da Fome das Nações Unidas. Como um assassino serial, adota sempre o mesmo modus operandi: o estrangulamento orçamentário.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, enviado por Bolsonaro ao Congresso no fim de agosto, prevê cortes de 95% a 97% nos principais programas de segurança alimentar, aponta reportagem do portal UOL. Ações como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado pelo Governo Lula em 2003, que Bolsonaro rebatizou de Alimenta Brasil com a Medida Provisória (MP) 1061/2021.
“O PAA é um programa consolidado, eficiente, que inclui os agricultores familiares, que poderia ter ajustes pra melhorar. O que ele precisava era de mais investimentos, de menos burocracia, de capacitação de agente público pra atender bem a nossa demanda, ou seja, de se encontrar formas pra aperfeiçoar, e não de mudar. No nosso entendimento, vai ficar pior”, previu o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, na ocasião.
Com Bolsonaro, tudo pode mesmo piorar. “A gente se organizava a partir das associações, e a produção era toda comercializada (com o governo). Com esses cortes, gerou desemprego e falta de oportunidade”, conta Maria Conceição Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Feira de Santana (BA).
Como o volume de compra caiu 90% nos últimos anos, as entidades organizam feiras e espaços para venda direta dos produtos. No entanto, diz Maria, as iniciativas não suprem o que foi perdido com a queda de compras governamentais. “Com a compra de alimentos pelo governo, a gente produzia já sabendo a quantidade e que o recurso estava garantido. Hoje é aventurando: posso levar meu produto para a feira e não vender nada. Isso impacta diretamente na renda da família”, comenta a líder rural.