O país está em estado de calamidade pública. E, portanto, tudo que for feito, neste momento de crise nacional e de altos desafios a serem enfrentados e superados, ainda será muito pouco para resguardar a vida dos 209,3 milhões de brasileiros.
É preciso mais diálogo e tolerância entre os poderes constituídos. É necessário que os homens públicos ouçam a voz do povo, abram seus olhos e enxerguem a realidade do país. Saúde é para todos.
Apresentamos várias emendas às MPs que vão ao encontro das necessidades dos profissionais da saúde, como médicos em geral, enfermeiros, trabalhadores dos complexos hospitalares. Eles precisam de uma cobertura com total segurança.
Da mesma forma, estamos pleiteando a aprovação de medidas que englobem o todo da força de trabalho do país: empregados e empregadores. É preciso garantir os empregos e a renda e, também, a própria sobrevivência das empresas. Também apresentamos emendas.
Mas, há os invisíveis da linha de frente e que estão sendo esquecidos. Temos que dar total atenção a eles, tanto da parte do governo como do Congresso Nacional. Até por que, é inaceitável conceder tratamento desigual. Há muito por fazer. E a nossa responsabilidade é enorme.
Eu recebi tantos relatos chocantes e escolhi apenas um para compartilhar com você leitor: “Há lugares que os agentes de saúde e combate às endemias, às pandemias e aos vírus de toda natureza só receberam uma máscara N95. Isso mesmo, uma máscara. Em muitas cidades do interior, dos grotões do nosso país e também nas capitais, nem isso eles têm. Falta tudo, desde luvas, álcool em gel, roupas e calçados apropriados”. São esses os invisíveis de que eu estou falando. E é por eles que nós temos que olhar também.
Outro alerta que me foi dado: os assistentes, técnicos e educadores sociais, que dão assistência às famílias carentes, atingidas pela fome e pela violência doméstica e, que combatem o trabalho infantil, estão à margem de toda essa situação de segurança. É uma situação absurda.
Os invisíveis estão expostos, diga-se, em “altíssimo grau de exposição”, ao Covid-19. E há outros também. Vejamos alguns: trabalhadoras domésticas, entregadores, porteiros, zeladores, motoboys, caixas de supermercados, cuidadores de idosos e crianças, assistentes, técnicos e educadores sociais, motoristas de ônibus e aplicativos, bombeiros, policiais civis e militares, trabalhadores terceirizados, informais, profissionais dos setores aeroviário e portuário, conselheiros tutelares, voluntários de ONGs de assistência social e de visão humanitária.
E o que dizer dos moradores de rua? A situação é gravíssima. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com levantamento de 2016, há mais de 100 mil deles em todo o país. Mas, creio eu, devido ao fracasso das políticas sociais e econômicas dos últimos anos, esse número deva ser bem maior. Sabemos que há hoje 13 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza.
O dia a dia dessas pessoas que eu citei aqui é totalmente adverso dos que estão trabalhando em casa. Como eu disse e repito: eles são sérios alvos dessa pandemia. Por isso, precisam, mais do que nunca, de todo suporte necessário para salvaguardar suas vidas: máscaras profissionais, álcool em gel, segurança alimentar, entre outros. Técnicamente o que chamamos de EPI (Equipamento de Proteção Individual).
Ou seja, os invisíveis da linha de frente pedem socorro. O país não pode negligenciar e nem ser insensível aos apelos desse segmento da sociedade. Como dizia Pablo Neruda, “não existe outra via para a solidariedade humana senão a procura e o respeito da dignidade individual”.
Se não compreendermos que há corações flagelados, lágrimas sufocadas e, não somente às que caem dos olhos, com certeza, não saberemos encontrar a longa estrada da cidadania e da proteção social.
Senador Paulo Paim.