“Os mais pobres não podem vir a pagar por esse ajuste”, defende Humberto

“Os mais pobres não podem vir a pagar por esse ajuste”, defende Humberto

Humberto Costa: ” No Brasil, sempre foram os pobres que pagaram pelos ajustes, e agora as elites querem que, mais uma vez, inclusive no governo do PT, sejam os pobres que venham a pagar por esse ajuste”O governo está correto em procurar o equilíbrio fiscal, mas não é possível que essa conta venha a ser paga, mais uma vez, pelos trabalhadores. Esta é a avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE) sobre as medidas de cortes de investimentos e de aumento de fontes de receita recém-anunciadas pelo governo. Em discurso no plenário, nesta quarta-feira (16), Humberto ponderou que as propostas não teriam sofrido tantas resistências, caso o Congresso Nacional, por exemplo, tivesse sido ouvido preliminarmente e se a população soubesse os detalhes da reforma administrativa que deve ser anunciada na próxima semana.

“Ao atravessar o samba com tantas urgências, o governo terminou por evidenciar certo descompasso de ações”, ponderou o líder petista, para depois ressaltar que “muitas das ações” estão sendo implementadas pelo governo para enxugar a sua estrutura e dar mais rigor e qualidade ao gasto público.

Só neste ano serão R$ 84 bilhões contingenciados no orçamento das despesas; para o ano que vem são R$ 26 bilhões em cortes, já em cima de um orçamento com uma base bastante reduzida do que vai ser executado este ano de 2015. “O governo está, sim, cortando na própria carne. No entanto, não consegue fazer chegar à sociedade essas ações tão importantes que foram propostas”, observou.

Para o senador, o governo deveria ter deixado claro também que preservou as áreas sociais dos cortes, apesar dos “ultimatos” da grande imprensa, que pedia redução de recursos na saúde, na educação e até no próprio Bolsa Família. “É preciso fazer o debate político. No Brasil, sempre foram os pobres que pagaram pelos ajustes, e agora as elites querem que, mais uma vez, inclusive no governo do PT, sejam os pobres que venham a pagar por esse ajuste”, ressaltou. 

Repatriação deveria ser priorizada

Humberto Costa defendeu que a celeridade na votação do projeto de repatriação do dinheiro de brasileiros que estão no exterior deveria ter precedido medidas como a ampliação de contribuições sociais ou de impostos. Segundo projeções, aproximadamente R$ 60 bilhões devem ser arrecadados com a repatriação.

“Não consigo, realmente, entender por que não é melhor esperar para ver esse resultado, em vez de mandar para cá medidas que talvez sejam necessárias, que são importantes, mas que, hoje, nós sabemos que têm pouca possibilidade passar no Congresso Nacional, seja na Câmara, seja no Senado”, desabafou.

O senador ainda manifestou repúdio às teses golpistas, como a do impeachment, e ao excesso de crítica à condução do governo. Neste momento, para Humberto, a prioridade maior de toda a classe política deve ser o enfrentamento da crise, sob o risco dela se aprofundar e tornar-se quase inviável administrá-la.

“Não vi ninguém apresentar uma proposta para o Brasil. Os que estão defendendo o golpe deveriam dizer o que estariam fazendo agora, se fossem governo. Estariam reduzindo mais verbas da saúde, da educação? Estariam deixando de pagar o Bolsa Família? Estariam fazendo o quê? É isso que cada parlamentar neste Congresso Nacional deve se perguntar”, recomendou.

Catharine Rocha

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