Pacto federativo será priorizado pelas comissões ordinárias

Senador Jorge Viana diz que reflexões da comissão especial de notáveis podem ser aproveitadas pelas comissões permanentes da Casa.

Uma comissão especial, composta por 14 especialistas, terá 60 dias para elaborar um diagnóstico das relações tributárias e políticas entre União, estados e municípios e sugerir soluções para aprimorá-las, como forma de subsidiar o Senado na formulação de propostas para um novo pacto federativo.

“A partir dessas reflexões, as comissões ordinárias do Senado devem colocar o pacto federativo entre as nossas prioridades”, afirma o senado Jorge Viana (PT-AC), que participou da instalação comissão especial, na manhã desta quinta-feira, e tratou do tema em pronunciamento ao Plenário.

“A revisão do pacto federativo é essencial para que possamos ter um País mais justo”, lembra o senador. “Essa é uma luta que o Brasil trava há mais de um século: estabelecer a igualdade entre as regiões, para que todos nós possamos nos sentir igualmente brasileiros”. 

Os chamados “temas federativos” já vêm sendo tratados como prioridade pela Casa. A unificação do ICMS nas importações— condição essencial para o fim da “guerra dos portos”— foi aprovada na última quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça, e deverá ser analisada pela Comissão de Assuntos Econômicos e pelo plenário na próxima semana. A definição sobre a partilha do ICMS no comércio eletrônico (e-commerce) deve ser analisada pela CCJ, também na próxima semana e já está em andamento um acordo para definir o índice de correção das dívidas dos estados com a União.

“Casa da Federação”
Para Viana, a instituição mais vocacionada a propor a repactuação da Federação é exatamente o Senado, “a Casa que expressa o equilíbrio, onde a força de cada estado não é medida pelo PIB, nem por outros indicadores, mas mantido pela representação política, que é igual para todas as unidades da federação”. 

Como “Casa da Federação”, o Senado poderá dar as respostas cobradas pela maioria dos brasileiros. “As mudanças que esperamos na segurança, na saúde, na educação e em tantas outras áreas dependem de um novo Pacto Federativo. Esse é o tamanho da nossa responsabilidade”, alertou.

Institucionalizar mudanças
Jorge Viana defendeu mudanças na estrutura do estado brasileiro que expressem as conquistas de integração nacional, cujos primeiros passos foram dados com a mudança da Capital para o Planalto Central. Ele destacou os avanços conquistados na busca do desenvolvimento regional alcançados pelo governo Lula, que muito contribuíram para diminuir as distâncias – social e econômica – do Norte e Nordeste dos centros mais ricos do País. “Os indicadores apontam mudanças importantes, mas é preciso institucionalizar essas mudanças, por meio de uma nova pactuação da federação”.

A comissão especial do pacto federativo será presidida pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim

O colegiado deve discutir mecanismos para evitar a guerra fiscal e o estabelecimento de novas regras de distribuição de recursos para os fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM). O grupo também deverá apresentar propostas para tornar mais eficiente o sistema tributário e discutir formas para reduzir as dívidas dos estados com a União.

Além de Nelson Jobim, integram a comissão o economista Bernard Appy, o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, os juristas Ives Gandra Martins, Marco Aurélio Marrafon, Paulo de Barros Carvalho e Luís Roberto Barroso, o médico e ex-ministro Adib Jatene, o empresário Michal Gartenkraut, o cientista político Bolívar Lamounier, o especialista em finanças públicas Fernando Rezende, Sérgio Prado, e o ex-procurador-geral da Fazenda Manoel Felipe Rêgo Brandão.

Cyntia Campos com informações da Agência Senado

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