Paim: Ferente vai resistir a investidas
contra a CLT e a Previdência Uma articulação de trabalhadores para resistir à retirada de direitos, objetivo central do governo temer, foi lançada hoje no Senado. A Frente Ampla Brasil é suprapartidária e tem como principal objetivo articular no âmbito do Parlamento as diversas frentes já criadas para a defesa de direitos ou segmentos específicos e que se encontram — todos—ameaçados pela agenda do governo ilegítimo.
“Não é mais um partido político, nem uma corrente”, esclarece o senador Paulo Paim (PT-RS), um dos integrantes da Frente Ampla Brasil. O trabalho será de resistir às tentativas de destruição dos direitos dos trabalhadores já anunciadas ou em curso, na forma de propostas legislativas — é o caso, por exemplo, do projeto que legaliza a terceirização de mão de obra na atividades-fim. “E não me venha dizer que essas coisas geram emprego. O que gera emprego é diminuir taxa de juro, é uma reforma tributária decente”, afirmou o senador.
Paim citou uma vasta lista de direitos ameaçados ou já golpeados. Por exemplo, a medida provisória que restringe a 120 dias o período do auxílio-doença, independentemente de o trabalhador estar ou não em condições de retornar ao trabalho, a decisão de desvincular as aposentadorias do valor do salário mínimo e a intenção de fazer letra morta da CLT, privilegiando o que é negociado e não o que está na lei.
Uma das aberrações lembradas por Paim é pretendida instituição do salário-hora, que é a remuneração variável de acordo com as horas trabalhadas. “Tantas horas você trabalha, você recebe. Fora disso, vai para casa, fica à disposição da empresa, sem receber”. O senador revelou que recentemente recebeu uma delegação de trabalhadores do estado americano do Mississipi, onde essa modalidade de contratação está em vigor. O grupo denunciava o prejuízo vivido pelos trabalhadores obrigados a aceitar essa relação trabalhista.
Outra barbaridade é a ampliação da jornada de trabalho para até 80 horas semanais. “E ainda dizem que botar as pessoas para trabalhar 12 horas por dia fosse gerar emprego”. O senador denuncia o contrassenso dessa ideia. “Quanto mais eu trabalhar, estou tirando o lugar de outro”. A mesma coisa em relação à aposentadoria: como é possível gerar emprego obrigando as pessoas a permanecerem mais tempo no mercado de trabalho?
Cyntia Campos