Para Paulo Paim, quem ganha com a puxada na Selic são os banqueirosO senador Paulo Paim (PT-RS) não acredita na alta da taxa básica de juros da economia (taxa Selic), como fórmula mágica para conter a inflação e a alta de preços. Em discurso ao plenário nesta segunda-feira (13), o parlamentar gaúcho usou o editorial escrito pelo jornalista Silvio Bava, do Le Monde Diplomatique Brasil para embasar sua argumentação. Segundo ele, a puxada de dois pontos percentuais na taxa Selic entre dezembro de 2014 e junto de 2015 significa um aumento de R$ 2,451 trilhões na dívida pública federal e um pagamento extra dos juros da dívida da ordem de quase R$ 50 bilhões.
Reproduzindo o texto do jornal francês, Paim disse que é difícil compreender por que o Governo corta recursos de todos os ministérios e, ao mesmo tempo, aumenta a Selic. “Vejam bem não sou eu que estou dizendo; é o articulista”, relevou.
A crítica do senador tem relação direta com sua preocupação com os aposentados e pensionistas e, mais especificamente, com o fator previdenciário: “Pegando a história do fator, reconhecem que, só lá no ano de 2035 é que vai ter o primeiro desencaixe em torno de R$ 10 bilhões. Eu achei que era antes” ,cutucou. Segundo ele, também em relação ao reajuste das pensões o debate anda girando em torno de falsas premissas.
O problema, segundo o senador, é que regime de contenção de gastos associado à alta na taxa de juros beneficia única e exclusivamente aos banqueiros. “Tal mantra, de que é preciso aumentar a Selic para combater a inflação, porém, parece desafiado pela realidade [dos fatos]”, disse o senador.
Novamente ancorado no editorial do Le Monde, ele diz que o argumento não é verdadeiro, pois o aumento da Selic incide em apenas 20% dos componentes da inflação; os 80% restantes são preços sobre os quais a Selic não tem influência. “Então não venha me dizer que aumentar a taxa Selic é que vai resultar em diminuir a inflação”, argumentou Paim. E prosseguiu: “Quem ganha é banqueiro, mas não vai combater a inflação”.
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