Paulo Paim pediu ao Governo que ouça os trabalhadores menos favorecidosPara o senador Paulo Paim (PT-RS), as manifestações do último final de semana tinham um componente que passou despercebido aos articulistas: o protesto pela perspectiva de mudanças nas regras do seguro-desemprego. Ele diz que, da forma como estão, as Medidas Provisórias 664 e 665, que modificam as regras de concessão do seguro-desemprego provocarão protestos dos trabalhadores menos favorecidos.
Ele apelou ao governo para que dialogue com as centrais e as confederações de trabalhadores. E garantiu que tem a certeza de que a presidenta Dilma vai encontrar outras saídas para o necessário ajuste fiscal.
Segundo Paim, “mexer no seguro-desemprego do pobre e do desempregado é quase uma provocação” e, por isso, ele defende uma grande negociação em torno das propostas apresentadas. “Não venham com essas duas MPs, querendo aprovar como está aqui, que eu garanto, eu venho para a tribuna, voto contra e defendo a rejeição”, prometeu.
O senador deixou claro que seu posicionamento não significa dissidência ou desacordo com o que defende o Governo, mas, sim, ouvir as reivindicações das centrais sindicais que representam os trabalhadores das camadas mais desfavorecidas da população, que são contrários a regras que restringem o acesso ao seguro-desemprego e endurecem os critérios para concessão de pensões e benefícios pagos pela Previdência Social.
O que o parlamentar gaúcho defende é que os mais ricos paguem impostos. “Claro que o que gostaríamos de ver mesmo aqui é o debate para tributar as grandes fortunas, num País onde 85 famílias dominam praticamente o que há de bom e de melhor, ou seja, dominam a economia”, disse.
Enquanto uma ampla reforma tributária não se concretiza, Paim acredita que o importante é prestar atenção às reivindicações dos mais humildes. “O pessoal do gueto, da favela, que não tem condição de botar seu carro nas avenidas e fazer um protesto bonito, como foi feito no fim de semana, mas eles estão aí, a observar, a olhar, querem se sentir representados, quer seja aqui, dentro do Parlamento, quer seja nas mobilizações nas ruas”, disse. E concluiu: “Por isso, por favor, não cometam esse equívoco histórico de querer aprovar essas duas MPs, prejudicando o trabalhador que ganha até dois salários mínimos, querendo prejudicar os pescadores, querendo prejudicar as viúvas, querendo prejudicar os aposentados, querendo prejudicar aqueles que dependem do seguro desemprego”.