Paim: Ebola atinge ricos e por isso há mobilização

Parlamentar diz que investimentos em vacina contra a doença devem-se ao risco de epidemia internacionalA situação é trágica em países africanos como a Libéria, Serra Leoa e Guiné-Bissau. Essas nações, onde a maioria da população vive em condições precárias, estão entre as principais afetadas pela atual epidemia de Ebola, que toma cada vez mais proporções internacionais. E somente após o risco de contaminação chegar aos países ditos “desenvolvidos” foi que houve uma mobilização internacional para a produção de uma vacina contra a doença.

Essa demora na busca de soluções para o combate ao Ebola, segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), é “lamentável”. “A triste realidade dos dramas que envolvem as vítimas e suas famílias é que apenas agora, quando o chamado ‘mundo desenvolvido’ se vê ameaçado pela epidemia do Ebola – porque até antes não importava, porque era lá nos países mais pobres da África –, o grande capital pensa em investir em uma vacina para combater o ebola”, colocou o parlamentar, durante discurso em plenário nesta quinta-feira (13).

Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 31 de outubro, a epidemia já afetou 13.567 pessoas e causou a morte de 4.951 pessoas desde o início do ano. Os países mais afetados com o vírus Ebola são Libéria, Serra Leoa e Guiné-Bissau, com casos registrados também na Espanha (da enfermeira Teresa Romero), nos Estados Unidos (onde um paciente morreu), em Mali, na Nigéria e no Senegal.

Na semana passada, a Comissão Europeia anunciou que investirá, juntamente com a indústria farmacêutica, 280 milhões de euros na investigação do vírus Ebola na África Ocidental, buscando a prevenção de futuros surtos. O montante se somará a mais de um bilhão de euros já prometidos pela União Europeia para combater a epidemia. Apesar de destacar outros auxílios, como dos Estados Unidos, Brasil e Cuba, o parlamentar demonstrou preocupação quanto ao apoio das empresas.

“Que não aconteça com o Ebola o mesmo que aconteceu com a malária e a dengue, por exemplo, doenças tropicais que, por afetarem apenas países pobres, têm sido relegadas ao esquecimento pela indústria farmacêutica internacional, olhando somente o lucro”, disse Paim.

Brasil

O senador petista também manifestou preocupação em relação às ações de prevenções e controle adotadas no Brasil. Para Paim, é preciso que o Senado Federal acompanhe o que está sendo feito pelo governo brasileiro – União, estados e municípios – no sentido de preparar a população para a eventual chegada do vírus Ebola em território nacional.

Paim lembrou que, de acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a situação está totalmente sob controle. “Segundo o Ministério, todas as capitais brasileiras estão preparadas para lidar com casos suspeitos da doença, e o Brasil já tem experiência em lidar com doenças hemorrágicas – como as formas mais severas de dengue, por exemplo”, observou.

O senador lembrou que nenhum país do mundo está livre de uma possível epidemia. “Não podemos subestimar a força da natureza e precisamos estar preparados. Para isso, é preciso realmente monitorar todos aqueles que chegam de áreas onde haja epidemia, para que não ocorra a propagação do vírus em território nacional”, disse ele, acrescentando que, no entanto, não motivo para pânico ou alarme, apenas para prevenção.

Doença

O vírus Ebola pode ser transmitido por animais e humanos, mas não pelo ar. A transmissão ocorre por contato com sangue, secreções e outros fluidos corporais de uma pessoa com a doença e somente quando esta se manifesta na pessoa.

O vírus pode ser transmitido até mesmo após a morte do hospedeiro. Uma das formas de transmissão mais comuns, inclusive, ocorre em rituais fúnebres, quando muitas vezes há contato com os corpos dos falecidos. Os profissionais da área de saúde que cuidam de pacientes infectados também são constantemente contaminados, especialmente devido ao não uso de máscaras e luvas.

Outros surtos da doença já ocorreram em países africanos entre 1995 e 2007, mas foram controlados. O que afeta atualmente a África Ocidental só foi identificado em março deste ano, mas segundo a organização Médico Sem Fronteiras, a epidemia já havia se alastrado há mais tempo.

Apesar de a OMS ter determinado estado de “emergência sanitária mundial”, com o objetivo de conter o vírus e barrar surto da doença, o auxílio aos países mais afetados – a maioria sem condições de adotar sozinhos medidas de contenção eficazes – começou efetivamente apenas em setembro deste ano.

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