Intolerância racial

Paim quer esclarecimentos do Grupo Carrefour sobre homicídio

Presidente da Comissão de Direitos Humanos, o senador Paulo Paim disse ter assistido “com tristeza e indignação” às cenas do espancamento que levaram à morte de um homem negro, dentro do supermercado
Paim quer esclarecimentos do Grupo Carrefour sobre homicídio

Alessandro Dantas

O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, se manifestou em nota sobre a morte de João Alberto Silveira de Freitas, homem negro de 40 anos, morto ontem por seguranças de uma loja da rede Carrefour, em Porto Alegre. E destacou que este, infelizmente, não é um caso isolado.

“Com tristeza, recebo há meses notícias da imprensa sobre violência, intolerância e discriminação racial acontecidas nas dependências do Grupo Carrefour”, afirmou Paim, em nota publicada em seu site.

Ele disse ter assistido “com tristeza e indignação” às cenas do espancamento que levaram à morte de João Alberto, dentro do supermercado.

Único senador negro do Brasil, Paim convocou sessão especial da Comissão de Direitos Humanos para esta sexta-feira (20), como forma de marcar o Dia da Consciência Negra. O tema da sessão é o “Aperfeiçoamento do Sistema de Justiça no combate ao Racismo Institucional”.

Mas, considerando o assassinato de João Alberto, Paim encaminhou convite aos responsáveis pela loja Carrefour onde aconteceu o assassinato, solicitando que participem da sessão especial. Até o momento, não houve confirmação desta participação.

Ainda em sua nota sobre o caso, Paim reafirmou seu compromisso com o combate à toda forma de intolerância e discriminação: “Ao tempo que apresento minhas sinceras condolências à família do Senhor João Alberto, afirmo que não pouparei esforços para que este crime seja punido e reafirmo que combato firmemente a intolerância e a discriminação de toda espécie. Esta atitude não irá esmaecer nossas conquistas sociais”.

O senador listou, ainda, os casos de violência contra negros que ocorreram nas lojas da rede Carrefour:

“1) Em Recife, o corpo do Senhor Moisés Santos, de 53 anos, foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja seguisse em funcionamento e permaneceu no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML);

2) Em setembro, deste ano, no Rio de Janeiro, a Senhora Nataly Ventura da Silva, de 31 anos, foi surpreendida com a frase “só para branco usar” escrita em seu avental e assinada por um colaborador do Grupo Carrefour;

3) Em maio de 2019, a 5ª Vara do Trabalho de Osasco identificou condições consideradas degradantes para os empregados porque o Carrefour estaria controlando a ida dos empregados ao banheiro;

4) Em dezembro de 2018, um cão que estava no estacionamento de uma das lojas da empresa, em Osasco, morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário;

5) Em outubro de 2018, funcionários da empresa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, agrediram Luís Carlos Gomes, porque ele abriu uma lata de cerveja dentro da loja. Surpreendido pelos trabalhadores, o cliente reiterou que pagaria pelo item. Mesmo assim, ele foi perseguido pelo gerente da unidade e por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde recebeu um mata-leão.

6) Em 2009, seguranças da rede de hipermercados agrediram o vigia e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no estacionamento de uma unidade em Osasco. Ele teria sido confundido com um ladrão e foi acusado de roubar o próprio carro, um EcoSport.”

Ao final da nota, o senador Paim afirma que irá “continuar nossa luta pelo respeito, proteção e dignidade de cada ser humano. Vidas negras importam. Todas as vidas importam”.

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