Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE), que são médicos e fizeram carreira na saúde pública como gestores, voltaram a denunciar nesta terça-feira (6) o governo do presidente Jair Bolsonaro pela omissão criminosa que está ampliando a crise sanitária brasileira. Ambos se mostraram muito preocupados com a possibilidade de 100 mil mortes em abril, como aponta projeção do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington.
“Poderíamos ter outro cenário da pandemia aqui no Brasil. Poderíamos salvar muitas vidas”, disse Humberto, que foi ministro da Saúde no governo Lula. “O comércio, se tivéssemos comprado a vacina, já estaria amplamente retomado com segurança. Precisamos trocar o presidente. É urgente”. O senador Rogério Carvalho reforçou as críticas e fez um apelo às pessoas. “Cuide de você e de quem você ama enquanto não temos nem governo e nem vacina”, ressaltou.
Rogério disse que a politicagem de Bolsonaro é criminosa e está ceifando vidas. “Bolsonaro faz politicagem com vidas de brasileiros. Mesmo não sendo médico e mesmo a ciência atestando a ineficácia dos medicamentos para combater a Covid-19, o presidente segue seu lobby com a indústria farmacêutica”, advertiu, acusando-o de fazer propaganda do uso de cloroquina e ivermectina, que está provocando a morte de pessoas. A Anvisa já registrou nove mortes por conta do uso do medicamento inadequado.
Nesta terça-feira, o jornal ‘Washington Post’ destaca em manchete de primeira página que a crise sanitária brasileira está ameaçando gravemente o sistema público de saúde da América Latina. E advertiu que o mundo corre perigo por conta das novas cepas do coronavírus, que são mais agressivas e estão se disseminando rapidamente por países vizinhos do Brasil.
Diz a reportagem: “Nas últimas semanas, a P1 foi transportada através de rios e fronteiras, evitando medidas restritivas destinadas a conter seu avanço pelo continente. Há uma ansiedade crescente em partes da América do Sul de que a P1 possa rapidamente se tornar a variante dominante, transportando o desastre humanitário do Brasil – pacientes adoecendo sem cuidados, um número de mortos disparado – para seus países”.
O jornal americano, um dos mais influentes do mundo, diz que os sistemas hospitalares em toda a América do Sul estão sendo levados ao limite. “O Uruguai, uma das nações mais ricas da América do Sul e uma história de sucesso no início da pandemia, está caminhando para uma falha do sistema médico”, alerta o jornal. “Autoridades de saúde dizem que o Peru está à beira do precipício, com apenas 84 leitos de terapia intensiva restantes no final de março. O sistema de terapia intensiva do Paraguai, agitado por protestos no mês passado sobre deficiências médicas, ficou sem leitos hospitalares”.