Violência policial

País cobra punição a policiais que mataram homem em câmara de gás

Senadores denunciam ação violenta e CDH cobra investigação sobre barbárie que resultou em morte por asfixia
País cobra punição a policiais que mataram homem em câmara de gás

Foto: Alessandro Dantas

Genivaldo de Jesus dos Santos, 38 anos, foi morto por asfixia na tarde de quarta-feira (25) numa rodovia no centro-sul de Sergipe, na cidade de Umbaúba. O assassinato, filmado por populares, aconteceu dentro de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, após abordagem truculenta de dois agentes, que o mandaram parar a motocicleta que dirigia e o revistaram aos gritos e palavrões. Genivaldo foi “flagrado” apenas com remédios nos bolsos – ele sofria de transtorno mental.

Ainda na noite de quarta, na sessão plenária, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) denunciou a barbárie.

“Polícia Rodoviária aborda um indivíduo, coloca-o no fundo do camburão e mata o indivíduo asfixiado com fumaça. Estou aqui chocado com as cenas. Policial rodoviário federal mata cidadão asfixiado. Fecha a porta do carro, tampa, e mata o sujeito. Isso é um assassinato, feito pela Polícia Rodoviária Federal. Isso é muito grave. Onde estamos? O rapaz está nesse momento no pronto-socorro, morto”, desabafou Rogério Carvalho, que exigiu apuração rigorosa dos acontecimentos.

O caso ganhou proporção nacional e repercussão no exterior. Nas redes sociais, figurou entre os mais comentados, com termos como “assassinado”. Mas, para atuar no que importa, que é a investigação e a punição dos responsáveis, o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), assinou quatro ofícios nesta quinta-feira, dirigidos a autoridades.

Ao superintendente da Polícia Federal em Sergipe, Juner Caldeira Barbosa, e ao delegado-Geral da Polícia Civil de Sergipe, Thiago Leandro Barbosa de Oliveira, o senador manifestou preocupação com a realização da perícia no local do crime e com a preservação das provas. Também solicita detalhes do inquérito policial e de laudo do Instituto de Medicina Legal sobre as circunstâncias da morte.

No caso da Polícia Rodoviária Federal, Humberto Costa vai além, e quer saber do diretor-Geral, Silvinei Vasques, que substância foi jogada de dentro do carro, provocando a morte de Genivaldo, e detalhes do treinamento dos policiais que gritaram, xingaram e depois prenderam a vítima numa viatura com gás. Por fim, o senador pergunta à procuradora-Chefe da República em Sergipe, Eunice Dantas Carvalho, sobre eventual acompanhamento do caso pelo órgão, uma vez que envolve uma polícia com alcance federal.

No local da morte, houve manifestação de moradores na manhã desta quinta. Testemunhas da ação policial relataram que tinham alertado os agentes sobre o risco de matarem Genivaldo. Para Rogério Carvalho, a reação popular é legítima: “O fechamento da BR hoje em Umbaúba reflete a indignação dos sergipanos diante de uma cena brutal, quando Genivaldo foi ASSASSINADO ao ser colocado no porta-malas da viatura da PRF. Uma trágica semelhança à câmara de gás. Precisamos de policiais preparados para proteger e não matar!” – protestou.

Em nota, a PRF informou que vai apurar a conduta dos policiais envolvidos. Declarou, ainda, que Genivaldo “resistiu ativamente a uma abordagem” e que “foram empregados técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção”. Segundo o órgão, “o abordado veio a passar mal e foi socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito”, informação que não coincide com o relato médico, informado pela viúva, Maria Fabiana dos Santos, de que Genivaldo já estava morto ao dar entrada na emergência.

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