Fluxo cambial teve saldo positivo em agosto, no melhor resultado desde abril

Fluxo cambial teve saldo positivo em agosto, no melhor resultado desde abril

O Banco Central divulgou ontem o resultado do fluxo cambial relativo ao mês de agosto, tendo ficado positivo em US$ 2,64 bilhões. Esse foi o melhor fluxo cambial desde abril, já que nesse período o BC registrou um movimento de saída de recursos maior do que os ingressos.

 

Em matéria publicada hoje no jornal O Globo, os juros altos – a Taxa Selic foi mantida em 14,25% ao ano ontem – estão entre os motivos para o maior fluxo cambial, porque atraem as aplicações de investidores/especuladores que correm o mundo atrás de juros altos e ganhos reais e imediatos acima da inflação.

O Banco Central apurou que o fluxo cambial também ficou positivo, em US$ 1,48 bilhão, no comércio exterior. Já no fluxo cambial financeiro, as entradas superaram as saídas em US$ 1,16 bilhão. No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 9,8 bilhões.

Análise
Os estrangeiros estão voltando. Essa é uma constatação pelos números do fluxo cambial de agosto divulgado ontem pelo Banco Central. Por trás dessa movimentação, o especialista no mercado financeiro brasileiro, Luiz Sérgio Guimarães, em seu blog “O mercado como ele é”, observa que há uma reversão naquele movimento de saída de dólares do País. Por outro lado, também observa que alguns investidores/especuladores trabalhavam até ontem para que a cotação do dólar ficasse pressionada e acima de 3,75 reais por dólar. O efeito seria uma nova alta dos juros, o que não ocorreu porque o BC manteve a Taxa Selic em 14,25%.

Luiz Sérgio Guimarães avalia que o dólar dispara se há, por parte do capital estrangeiro, o temor de uma crise de balanço de pagamentos ou de insolvência na dívida interna. Atualmente, diz ele, não existe nem uma ameaça, nem outra. Ele continua e afirma que o financista que hoje invoca a crise chinesa como argumento para puxar o dólar para cima é o mesmo que, no início do mês, dizia que o mercado de ações da China é irrisório em relação ao PIB para afetar o lado real da economia.

Assim, ele conclui que o objetivo da especulação no Brasil é duplo: um esforço para caracterizar o preço de R$ 3,60 como um novo patamar consolidado e, por isso, perigosamente inflacionário, e um teste sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) para subir os juros. Como o BC manteve a taxa, agora é esperar um arrefecimento nas cotações. Isto, porque há muita especulação nesse mercado de câmbio.

Marcello Antunes

 

 

To top