Instalada na semana passada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não Governamentais (ONGs), aprovou nesta terça-feira (20/6) o plano de trabalho para os próximos 130 dias. No total, foram aprovados 37 requerimentos da pauta e 18 extrapauta, incluindo 24 convites para depoimentos. O senador Beto Faro (PT-PA), um dos integrantes titulares da comissão, avalia que a intenção da CPI das ONGs é criminalizar ou procurar argumentos contra o governo.
“Já houve outras iniciativas a respeito, e nunca foi provado nada. Esta comissão foi criada sem um objetivo claro, a não ser argumentos infundados. Parte dos parlamentares já trabalham com uma ideia pré-concebida de quem é o criminoso, e parece que agora vão buscar a narrativa de um suposto crime”, declarou.
Nos 24 convites para oitivas, constam nomes para prestarem informações como os da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa.
Beto Faro disse também estranhar uma investigação sem objeto e num momento em que o país recupera seu prestígio internacional, após quatro anos de ataques bolsonaristas reiterados ao meio ambiente. “Outro fato que nos chama muito a intenção é a criação desta comissão tão perto do recesso parlamentar, e justamente quando o Brasil volta ao cenário mundial como protagonista de tantas ações positivas. Precisamos de menos barulho e mais trabalho”, finalizou.
Querem repetir o mesmo fiasco de 2010
Esta é a segunda vez que senadores de direita criam uma CPI para investigar a atuação de ONGs. A primeira foi instalada em 2007, com o mesmo tipo de acusação sem fundamento e também sem objeto. Depois de três anos de embates entre senadores e quatro adiamentos do prazo original de encerramento, a CPI terminou sem aprovação do relatório final, que nem mesmo foi lido.