Para Embratur, preços abusivos atrapalham o turismo no Brasil

Os gastos dos turistas brasileiros no exterior chegaram a US$ 6 bi nos três primeiros meses de 2013 - US$ 700 mi a mais que no ano passado.


Flávio Dino vê cartelização e práticas abusivas de
mercado no setor de hotelaria e aviação nacional

Ao avaliar o déficit no turismo nacional, o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, disse que os preços abusivos cobrados nas passagens e em hotéis são um entrave para a expansão do setor. O turismo internacional no País cresceu 4,5% no ano passado, ainda assim está longe de compensar o volume de saídas de brasileiros. Os Estados Unidos são um bom exemplo. Cerca de 600 mil americanos vêm ao Brasil anualmente. Em compensação, mais de 1,5 milhão de brasileiros viajam aos Estados Unidos.

“Apesar de o receptivo internacional crescer, ainda temos tendência de déficit. O fato gerador é o grande número de viagens internacionais feitas pelos brasileiros. Isso não é motivo de críticas, pois demonstra a força da vida econômica dos brasileiros, mas significa geração de empregos e negócios em outros países”, disse. “Evidentemente que, num Estado Democrático de Direito, não se cogita nenhuma medida restritiva. Porém, temos que analisar a ausência de competitividade e os preços melhores das viagens para fora. É um debate de toda a sociedade, não apenas da Embratur ou do Ministério do Turismo”, afirmou.

O déficit entre a quantidade de brasileiros que viaja para fora e a de estrangeiros que visita o Brasil é apontado pelos números apresentados por Dino, nesta quarta-feira (22), à Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR). Os gastos dos turistas brasileiros no exterior chegaram a US$ 6 bilhões nos três primeiros meses de 2013. São US$ 700 milhões a mais do que no período equivalente do ano passado e US$ 1,3 bilhões a mais do que no primeiro trimestre de 2011.

Flávio Dino afirmou ainda que, apesar do crescimento da rede de hotéis no Brasil, há um risco de cartelização e de práticas abusivas de mercado, com margens abusivas de lucro, o que resulta em tarifas caras sem justificativa: “Eu nunca encontrei razão científica, concreta e objetiva para muitas das tarifas hoteleiras cobradas no Brasil. Isso é um equívoco. É a renúncia ao futuro pelo lucro imediato e compromete a imagem do Brasil de modo duradouro. Essa questão tem que ser olhada com cuidado”, afirmou.

A falta de concorrência no setor de aviação é outro problema que também preocupa Dino, assim como o preço das passagens, outro item que precisa ser debatido na opinião do presidente da Embratur.

Diante de tantos entraves, Dino apresentou algumas providências a serem tomadas: o fortalecimento de ações de promoção do Brasil no exterior; a facilitação da entrada de estrangeiros no Brasil, com a revisão da política de vistos; e a melhoria da competitividade, com a prática de preços justos, o que vai depender fundamentalmente da participação do setor privado.“Avançamos um pouco no ano passado, com duas medidas adotadas pelo governo federal, que foi a redução da tarifa da energia elétrica e a inclusão da rede hotelaria e da aviação no Plano Brasil Maior. Mas é preciso avançar numa agenda de desoneração tributária para que o Brasil não perca este momento favorável que temos à frente”, disse.

Ele acredita ainda que a implantação do Plano de Aviação Regional, lançado recentemente pela presidente Dilma Rousseff, e a adoção da política de céus abertos na América do Sul, a exemplo do que acontece na União Européia, podem estimular a concorrência do setor aéreo. “A concorrência é pequena porque não temos abertura do céu a empresas de outros países que possam concorrer com as nossas. Hoje não há outra alternativa que não seja abrir os céus para haver uma concorrência que nos leve a um serviço de qualidade por um preço melhor”, opinou.

A CDR realizou audiência pública com objetivo de debater as estratégias do País para promover o turismo a partir dos megaeventos que estão agendados no Brasil, como a Jornada Mundial da Juventude, da Igreja Católica, e a Copa das Confederações, a serem realizadas em julho deste ano, além da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Os grandes eventos internacionais voltarão à pauta da comissão. A reunião desta quarta-feira (22) foi conduzida pelo presidente da CDR, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que informou a realização de nova audiência para 5 de junho, desta vez para debater os impactos econômicos e os legados dos megaeventos ao setor turístico nacional.

Com informações da Agência Senado
Foto: Agência Senado

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