Lançada na tarde desta quarta-feira (7) pelo PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB, a “Frente Parlamentar Suprapartidária pelas Diretas Já” reuniu parlamentares de diversos partidos com o objetivo comum de permitir o voto direto para presidente, caso o golpista Michel Temer seja cassado ou renuncie ao cargo.
Citando as recentes pesquisas apontando que quase 89% da população quer votar diretamente para presidente, o senador João Capiberibe (PSB-AP), organizador da Frente, afirmou que a iniciativa dialoga e reforça a vontade popular.
“Nós e 90% da população estamos convencidos que é impossível sair da crise através de eleições indiretas ou qualquer outro subterfúgio. Só temos uma maneira de reconciliar a nação, que é promovendo eleições diretas, só o povo pode nos reconciliar”, afirmou o articulador da Frente, senador João Capiberibe (PSB-AP).
Para a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) o lançamento da Frente é um momento histórico.
“Nós estamos construindo aqui uma unidade muito forte em torno de uma causa radical em defesa da democracia, mas ampla o suficiente para que diversas forças políticas possam estar juntas nessa caminhada”, declarou.
Gleisi lembrou que, além dos partidos que encampam a Frente, fazem parte também parlamentares de outras legendas, inclusive de partidos que estão na base de apoio do governo golpista de Michel Temer.
A senadora petista declarou que é preciso desmistificar que a tramitação de uma proposta por eleição direta é mais complicada que a regulamentação de uma legislação por eleição indireta.
“Não é verdade que eleição indireta é mais rápido ou mais fácil, e que vai tirar o País da crise. O que vai tirar o Brasil da crise é o voto popular, é a legitimidade do povo. Não em outra saída”, enfatizou.
O objetivo central da Frente é somar-se ao protagonismo de artistas, intelectuais e sociedade civil organizado pelas Diretas Já. Além disso, fortalecer a pressão sobre o Congresso para aprovar a Proposta de Emenda 227/16, que visa alterar a Constituição para garantir que eleições diretas sejam convocadas em caso de vacância do cargo de presidente da República até seis meses antes do fim do mandato.
No Senado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, por unanimidade, no último dia 31 de maio, uma proposta semelhante, que também garante a convocação de eleições diretas em caso de vacância.
“Temer vai cair, mas é importante ter pressão popular para que o plenário do Senado aprove essa medida e vá para a Câmara”, completou Gleisi.
“Eu penso que essa Frente, de alguma forma, resgata para o parlamento a sua função de expressão política da sociedade. Uma função muito bloqueada desde o golpe. Agora, convencido que estamos que não há outro caminho a não ser uma repactuação política pelo voto, é muito importante que parlamentares dos mais diversos partidos se agrupem para lutar para termos eleições diretas para presidente da República”, declarou a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG).
Na avaliação da presidenta nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (PE), o lançamento dessa Frente é “um marco na luta para barrar a agenda ultraliberal que está sendo imposta ao País a ferro e fogo”.
“Todas as pesquisas revelam que quase 90% da população quer Diretas Já. Isso comprova que Temer não tem legitimidade para continuar e nem o Congresso tem legitimidade para escolher por via indireta”, afirmou o vereador do PT em Campinas (SP), Pedro Tourinho.
Presente ao ato, Tourinho destacou que todas as forças políticas democráticas precisam se unir nessa campanha. Neste sentido, a Câmara Municipal de Campinas aprovou a criação de uma Comissão de Representação, presidida por Tourinho.
“O intuito é dialogar com parlamentares nacionais e informar à população que a Câmara Municipal de Campinas é pelas Diretas Já. Depois daqui, vamos fazer tarefas de mobilização e organização na cidade, para aumentar a pressão e mostrar que só com povo nas ruas vamos conseguir ter eleições diretas”, explicou o vereador petista.
Greve geral
A greve geral convocada para o dia 30 de junho também foi destaque no lançamento da Frente Parlamentar.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), declarou que, tão importante quanto esta iniciativa parlamentar para conquistar as Diretas Já é a greve geral do dia 30 de junho para pressionar o Congresso Nacional.
“O caminho é as Diretas, mas depois disso, teremos que pensar objetivamente no referendo revogatório de toda essa patifaria neoliberal que destrói um projeto nacional no Brasil”, ressaltou.
Para o presidente Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a iniciativa prova que ainda há parlamentares que defendem o povo e que eleições diretas precisam vir junto com o combate às reformas que retiram direitos dos trabalhadores.
“Diretas já tem sentido se for para barrar as reformas previdenciária e trabalhista. E os trabalhadores só conseguem barrar isso se tiver diretas já. Se for eleição indireta, vão apenas colocar outro golpista para fazer as reformas. E a greve geral no dia 30 vai impulsionar o Fora Temer e as Diretas Já”, afirmou.