Humberto diz que prover água para mitigar a seca se sobrepõe a ajuste fiscal

Humberto diz que prover água para mitigar a seca se sobrepõe a ajuste fiscal

Humberto Costa: “Falta de chuvas no Agreste pernambucano, combinada com a não conclusão de obras estruturantes, leva a um quadro em que a crise hídrica só se agrava, com municípios entrando sequencialmente em colapso”A urgência da conclusão da Adutora do Agreste deve se sobrepor à necessidade de realinhamento de gastos públicos ditada pelo momento econômico, já que a obra, quando concluída, será essencial para que 32 municípios do Semiárido de Pernambuco possam enfrentar os perversos efeitos da seca naquela região. O apelo foi feito pelo senador Humberto Costa (PT-PE), em pronunciamento ao plenário, nesta terça-feira (24).

“Alguns desses municípios têm áreas onde não chove há cinco anos”, relatou Humberto. “Entendemos perfeitamente a dimensão da crise econômica e a necessidade de se realinhar gastos e investimentos, mas os cortes orçamentários não podem ser feitos sem sensibilidade política e, principalmente, social”, ressaltou o senador.

A obra da Adutora do Agreste foi inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Suas Etapas I e II estão orçadas em cerca de R$1,2 bilhão. Segundo os dados mais recentes, já foram executados cerca de R$ 450 milhões. “O restante está previsto para ser pago em parcelas de R$10 milhões mensais, que nem este valor têm atingido nos últimos meses”, apontou Humberto. “Neste ritmo, uma obra dessa relevância e prevista para estar concluída em 2018, só vai ficar pronta em 2021 ou 2022. É muito tempo para quem está precisando de uma solução para ontem”, lamentou o líder petista.

Ele relatou que a presidenta Dilma e o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, já se comprometeram com Pernambuco a liberar não menos que R$ 150 milhões para a obra, no ano que vem. Humberto destacou que a Adutora do Agreste terá um largo impacto positivo para equilibrar os efeitos da crise hídrica na região, mesmo que inicie suas operações sem ainda receber a água vinda da transposição do São Francisco, que depende da conclusão do Ramal do Agreste, momento em que ela chegará a sua utilidade máxima.

Humberto acompanhou, no último final de semana, da Marcha das Águas, uma caminhada de mais de 100 quilômetros, cuja principal reivindicação é a conclusão da adutora. Participaram sindicalistas e camponeses, representantes da Federação dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco (Fetape), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), prefeitos de vários municípios da Região e representantes da sociedade civil.

A marcha teve início na cidade de lati (PE), na última quinta-feira (19), e encerrou-se no domingo, em Tupanatinga. “Os participantes buscaram chamar a atenção dos governos Federal e estadual sobre os perversos e prolongados efeitos da estiagem, especialmente sobre a necessidade de conclusão da adutora, que é fundamental para fazer face a este drama”.

O Agreste pernambucano é a região que possui o pior balanço hídrico do estado — relação entre oferta natural de água e a demanda habitacional. “Falta de chuvas, combinada com a não conclusão de obras estruturantes, leva a um quadro em que a crise hídrica só se agrava, com municípios entrando sequencialmente em colapso”, apontou o senador.

A expectativa é de que quando a adutora estiver em funcionamento, mesmo sem contar com as águas da transposição do São Francisco, já seria possível movimentar grandes volumes hídricos disponíveis na região, equilibrando as necessidades dos Municípios. Humberto citou algumas alternativas, como o uso da água da Adutora do Moxotó para abastecer o município de Arco Verde, transportar água dos 20 poços de Tupanatinga para outras sete cidades, ou integrar o sistema da Adutora do Agreste a outros projetos, como o do Pirangi-Prata.

“Então, não é possível que uma obra desse porte, que pode minorar, sensivelmente, os problemas da seca no Agreste pernambucano seja tratada a conta-gotas”, protestou o senador. Ele se comprometeu com as lideranças sociais e políticas da região a buscar uma solução para as obras da adutora, envolvendo também o Governo de Pernambuco, para contornar o impasse. Além da audiência já solicitada ao ministro da Integração Nacional, Humberto quer reunir lideranças políticas, sindicais e representantes da sociedade civil da região para que contribuam no equacionamento de uma solução.

“Sabemos que a seca nós não podemos evitar, mas é imprescindível que toda a região afetada disponha de obras estruturantes, como a Adutora do Agreste, para que seja ao menos possível à população conviver com a estiagem, sem sofrer com os seus terríveis efeitos”, conclui o senador.

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