A senadora Marta Suplicy (PT-SP) classificou de “retrocesso para as mulheres” o texto final da Rio+20, aprovado pelas delegações dos 193 países membros da ONU. Ao acompanhar a plenária dos chefes de Estado, na tarde desta quarta-feira (20/06), Marta Suplicy criticou a retirada da expressão “direitos reprodutivos”, que se refere à autonomia das mulheres para decidir quando ter filhos, do texto final. O termo foi substituído por “saúde reprodutiva”.
“Para as mulheres é um momento de grande derrota”, afirmou. A mudança foi feita por pressão do Vaticano, que recebeu apoio de países como Chile e Egito. “Acordos entre 193 países são realmente bastante complicados e exigem concessões, mas retroceder em um texto aprovado na conferência do Cairo em 94 foi além de todos os limites”, afirmou Marta Suplicy, citando acordo anterior que já reconhecia os direitos reprodutivos femininos.
Segundo ela, a exclusão do termo demonstra que cada vez mais os temas são impostos por setores religiosos da sociedade. “Religiões cada vez mais impositivas estão ganhando espaço às custas da saúde da mulher”, criticou.
Marta disse que espera que os chefes de Estado e de governo, reunidos até sexta-feira no Rio de Janeiro, possam fazer alterações no documento. “Eu acho que dá para mudar. Espero que o bom senso prevaleça, já que isso pode atrasar todas as conquistas para as futuras gerações”, disse ao ressaltar a importância do respeito aos direitos humanos.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza. Até sexta-feira (22/06), último dia da Rio+20, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas, que deverá ratificar o documento final do evento.
Com agências online
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