Em 2009, a alimentação escolar foi reconhecida por lei como direito no BrasilO diretor do Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), ressaltou, em artigo publicado no jornal O Globo desta terça-feira (07), como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) é uma referência nas políticas públicas destinadas a acabar com a fome.
“A alimentação escolar reúne educação, segurança alimentar e nutricional e inclusão produtiva. Aumenta as taxas de matrícula, reduz a fome, auxilia no desenvolvimento infantil e a quebrar o ciclo de pobreza. Ajuda a diminuir o gasto público em saúde, ao ensinar hábitos saudáveis. Ligada à produção local, fomenta o mercado e estimula a agricultura, contribuindo para a segurança alimentar”, exemplifica Daniel.
Como resultado, ele analisa, nos últimos dez anos, o Brasil reduziu pela metade o número de pessoas que passam fome e foi um dos poucos países a cumprir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sobre redução da fome antes de 2015, prazo dado pela ONU.
Confira a integra do artigo “Aula contra a fome”:
Quando o Brasil saiu do mapa da fome da ONU, em 2014, outros países se interessaram pelas estratégias que deram certo no combate à fome e à pobreza. A resposta passa, fundamentalmente, pela alimentação escolar.
Em 2009, a alimentação escolar foi reconhecida por lei como direito no Brasil. As escolas públicas têm de garantir merenda com alimentos saudáveis, preparados com supervisão de nutricionistas e respeito às tradições locais. Ao menos 30% do orçamento repassado a estados e municípios pelo governo federal para alimentação escolar devem ser usados em produtos de agricultores familiares. A sociedade participa de conselhos locais que supervisionam os programas.
A alimentação escolar reúne educação, segurança alimentar e nutricional e inclusão produtiva. Aumenta as taxas de matrícula, reduz a fome, auxilia no desenvolvimento infantil e a quebrar o ciclo de pobreza. Ajuda a diminuir o gasto público em saúde, ao ensinar hábitos saudáveis. Ligada à produção local, fomenta o mercado e estimula a agricultura, contribuindo para a segurança alimentar.
O resultado? Nos últimos dez anos, o Brasil reduziu pela metade o número de pessoas que passam fome e foi um dos poucos países a cumprir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) sobre redução da fome antes de 2015, prazo dado pela ONU. O Centro de Excelência contra a Fome, parceria do país com o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, apoia a nova geração de programas sustentáveis de alimentação escolar. Em três anos, recebeu mais de 30 países no Brasil. O Centro auxilia os países em perspectiva de longo prazo, com atividades segundo a necessidade dos governos — como visitas de estudo, contratação de técnicos para ajudar no desenvolvimento de planos e preparação de seminários e cursos.
O sucesso chamou a atenção do mundo. Inspirado nele, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, lançou o “Desafio Fome Zero”, na Rio+20, em 2012. A procura de países pelo compartilhamento de conhecimento do Centro de Excelência cresce a passos largos.
A fórmula brasileira gera um ciclo virtuoso — alimentação escolar diminui a evasão de alunos, liga agricultores ao mercado, dinamiza a economia e combate a fome —, mas não há “receita pronta”. O trabalho conjunto entre Educação, Saúde, Agricultura e Desenvolvimento Social traz grande benefício econômico. Programas sociais melhoram a distribuição de renda e ampliam consumo. Crianças beneficiadas são mais saudáveis e ficam mais na escola.
É possível acabar com a fome no mundo, com compromisso e vontade política. Iniciativas como o Prêmio Jovem Cientista, que nesta edição aborda a Segurança Alimentar e Nutricional, possibilitam o surgimento de novas ideias para realizar o sonho de um mundo livre da fome.
* Daniel Balaban é diretor do Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos da ONU
Artigo originalmente publicado no dia 07/04/2015 no jornal O Globo