Para petistas, decisão de Dilma de adiar ida aos EUA é “equilibrada”

Para petistas, decisão de Dilma de adiar ida aos EUA é “equilibrada”

“O Brasil não está mais de joelhos. É um país
que respeita as outras nações e exige ser
respeitado”

O anúncio oficial de que a presidenta Dilma Rousseff decidiu adiar a visita ao governo americano foi recebida com apreço pelos petistas Wellington Dias (PI), Eduardo Suplicy (SP) e walter Pinheiro (BA). Os senadores avaliam que a medida impõe ao presidente Barack Obama o dever de prestar esclarecimentos e de desmontar o sistema. “O Brasil não está mais de joelhos. É um país que respeita as outras nações e exige ser respeitado”, afirmou Dias, líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo.

Ao ressaltar o tom “respeitoso” e “equilibrado” da nota divulgada pelo Palácio do Planalto, no início da tarde desta terça-feira (17), Suplicy destacou que as negociações devem continuar. “Houve um entendimento dos dois presidentes de que é melhor adiar até que haja uma solução satisfatória. Está aberta a porta para a continuação de um esclarecimento mais bem feito. Até lá, a visita está adiada”, avaliou.

O adiamento se refere à visita marcada para o final de outubro, entretanto Dilma confirmou sua presença na abertura da Assembleia Geral da ONU, marcada para o próximo dia 23 de Setembro, nos Estados Unidos. Esta agenda sinaliza, segundo Wellington Dias, dois recados importantes: “ir aos Estados Unidos mostra o apreço aos norte-americanos. Por outro lado, adiar a visita à sede do governo mostra que o Brasil não aprova a quebra de princípios elementares das relações diplomáticas e exige explicações”.

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“Está aberta a porta para a continuação de
um esclarecimento mais bem feito. Até lá, a
visita está adiada”

Wellington ainda defendeu que o sistema de interceptação precisa ser desmontado. “O risco que vive o mundo é dos Estados Unidos fazer um ‘big brother’ a todo instante”, ponderou.

A nota oficial reafirma a compreensão do governo brasileiro sobre a importância das relações com os EUA, fundadas “no respeito e na confiança mútua” e assegura que “uma vez resolvida a questão de maneira adequada” espera que a visita de Estado ocorra “no mais breve prazo possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica a patamares ainda mais altos.”

Diz o texto que o adiamento da visita decorre das “práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro”, que “constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos”. A nova data da visita ainda será definida pelos dois presidentes.

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“Cabe a nós hipotecar toda a nossa
solidariedade e nos colocar à disposição”

 

“A decisão da presidenta Dilma foi ao encontro daquilo que ainda não foi esclarecido. Com esta decisão, ela está fazendo a defesa da nossa soberania”, disse.

Segundo o senador, Dilma não tomou uma decisão movida por rancor, nem por ira de ter sido espionada, mas como chefe de Estado, com elementos suficientes para tomar esta decisão. “Cabe a nós hipotecar toda a nossa solidariedade e nos colocar à disposição para que outros encaminhamentos sejam tomados para que a gente trate essa questão em nível internacional e não só aqui dentro”, afirmou.

Pinheiro também destacou que é importante o governo brasileiro dar outros passos em relação ao fortalecimento da defesa nacional, “principalmente porque observamos que as denúncias de vulnerabilidade estão além das nossas fronteiras”.

Veja a íntegra da nota do Palácio do Planalto:

 “A presidenta Dilma Rousseff recebeu ontem, 16 de setembro, telefonema do presidente Barack Obama, dando continuidade ao encontro mantido em São Petersburgo, à margem do G-20, e aos contatos entre o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado e a assessora de Segurança Nacional Susan Rice.

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“As práticas ilegais de interceptação das
comunicações e dados de cidadãos, empresas
e membros do governo constituem fato grave,
atentatório à soberania nacional e aos direitos
individuais, e incompatível com a convivência
democrática entre países amigos”, diz a nota

O governo brasileiro tem presente a importância e a diversidade do relacionamento bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua. Temos trabalhado conjuntamente para promover o crescimento econômico e fomentar a geração de emprego e renda. Nossas relações compreendem a cooperação em áreas tão diversas como ciência e tecnologia, educação, energia, comércio e finanças, envolvendo governos, empresas e cidadãos dos dois países.

As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos.

Tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada.

Dessa forma, os dois presidentes decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada.

O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica a patamares ainda mais altos.”

Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República Federativa do Brasil

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