A votação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) está prevista para a próxima quarta-feira (2). O presidente golpista conseguiu umrelatório favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) graças à substituição de última hora de 17 membros.
Agora, para a votação em plenário, Temer tem comprado parlamentares à luz do dia, segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
Os parlamentares devem aceitar ou não a denúncia feita pela Procurador-Geral da República Rodrigo Janot. Se for aceita, ela segue para o Supremo Tribunal Federal.
“A compra de votos já acontece à luz do dia. Nós estimamos que a compra de votos gira em R$ 300 bilhões”, disse. Pimenta explica que há uma ordem cronológica entre a mudança de votos e a concessão de benefícios.
“O parlamentar se declara indeciso, diz que ainda não definiu o voto. Se você acompanhar o ‘Diário Oficial’, a liberação de emendas de recursos segue uma ordem cronológica de mudança de votos. Ele é chamado ao Palácio do Planalto, submetido a conversas e agendas, ele adquire aquilo que ele quer e muda o voto”, explica.
Para o deputado, a substituição dos 17 membros da CCJ foi um dos maiores absurdos da história política do país. “E a mídia tratou com absoluta normalidade”, lembra. “Algo que nunca aconteceu nesse estágio de análise de qualquer matéria, ainda mais em uma solicitação de investigação da Presidência da República.”
Pelas contas do deputado, serão R$ 220 bilhões no chamado Refis, programa de perdão de dívidas tributárias. O projeto de lei já teve pedido de veto pela Receita Federal e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Segundo Pimenta, a proposta vai beneficiar parlamentares e, sobretudo, as empresas que financiaram suas campanhas.
O Funrural é outro projeto que entra na moeda de troca do golpista. O projeto vai anistiar dívidas previdenciáriasde grandes produtores rurais que podem chegar a R$ 49 bilhões.
“A bancada ruralista apresenta uma conta: se vocês anistiarem essa dívida, nós votaremos contra a denúncia. Isso está acontecendo de maneira declarada, é um crime assumido publicamente, com absoluta complacência por parte da mídia e do próprio poder judiciário”, diz ele.
Terras indígenas ameaçadas
Outro projeto para beneficiar os ruralistas é a modificação na demarcação de terras indígenas, que vai retirar das mãos dos povos tradicionais um patrimônio de R$ 19 bilhões em terras públicas, segundo Pimenta. O projeto entende que apenas as terras indígenas demarcadas à época da Constituição de 1988 serão reconhecidas. Todas as outras delimitadas posteriormente serão desconsideradas.
“Isso trará um enorme conflito no campo. Nós temos comunidades que estão há mais de dez anos em áreas que já foram demarcadas em situações absolutamente estabilizadas e que agora vão se tornar foco de conflito graças ao presidente ilegítimo”, afirma Pimenta.
“E só a liberação de emendas dos últimos dias já ultrapassou R$ 2 bilhões. Ao todo, são R$ 300 bilhões de dinheiro para comprar votos para salvar uma quadrilha que tomou de assalto o nosso país”, diz o deputado, que defende que o processo deveria ser paralisado pois as negociações se caracterizariam como obstrução de Justiça.
“Agora, vamos ver se eles (os deputados) vão cumprir. Como eles têm um histórico de traições, nós apostamos que eles peguem o dinheiro, aceitem os cargos e traiam o Temer”, conclui.